Tomaso Albinoni
PAULO SANTOS SILVA |
Depois de algumas incursões por outras temáticas, regresso esta semana a aquela que é a que me é uma das mais queridas – a Música.
O dia é bom para isso, uma vez que fazem anos músicos tão diversos como Nancy Sinatra (filha do saudoso Frank Sinatra), Bonnie Tyler (a galesa loira que cantava o célebre “Holding Out For a Hero”), Mick Hucknall (fantástico vocalista e compositor dos Simply Red), Seu Jorge (cantor e compositor brasileiro) ou Kanye West (músico norte-americano da área do R&B e do hip-hop, que “só” ganhou 21 Gammy’s).
No entanto, por ser o mais antigo e o menos conhecido de todos eles, vou-lhe falar de Tomaso Albinoni.
Tomaso Giovanni Albinoni nasceu em Veneza, a 8 de junho de 1671, onde faleceu a 17 de janeiro de 1751. Foi um compositor barroco italiano, que conquistou fama como compositor de óperas. No entanto, é mais conhecido pela sua música instrumental, visto que grande parte dela ainda é regularmente gravada. Pese embora a sua música se tenha massificado na altura, acabou por, graças a seu talento melódico e estilo pessoal, ser tão popular como Arcangelo Corelli e Antonio Vivaldi, compositores bem conhecidos do período barroco.
Sendo Tomaso, um dos três filhos de um rico fabricante de papel, diz-se que inicialmente não pensava em seguir a carreira artística e muito menos em ganhar dinheiro com ela. No entanto e quando falamos de uma arte tão apelativa e emocional como a Música, as coisas rapidamente se alteraram. Recusou-se a gerir a herança do pai e dedicou-se a compor para violino, passando a responsabilidade da fábrica para os seus dois irmãos mais novos. Estreou em Munique, em 1722, ao que se diz com muito sucesso.
Albinoni foi um dos primeiros compositores a escrever concertos para violino solo. A sua música instrumental atraiu a atenção de um tal de Johann Sebastian Bach, que acabou por escrever pelo menos duas fugas (forma musical em que um tema é apresentado e desenvolvido por vários instrumentos ou vozes) sobre temas seus. Também se diz que nas suas aulas, usava regularmente os seus “baixos” (notas mais graves que serviam de acompanhamento a uma melodia) como exercícios de harmonia para seus alunos.
Grande parte do trabalho de Albinoni foi perdida na Segunda Guerra Mundial, com a destruição da Biblioteca Estadual da Saxónia, durante o bombardeio de Dresden, em fevereiro de 1945, sendo por isso que pouco se sabe sobre seu trabalho, a partir de meados da década de 1720.
Curiosamente, a sua obra mais conhecida, o famoso "Adágio de Albinoni" (Adágio em sol menor para violino, cordas e órgão), que o tornou conhecido do grande público, aparentemente não terá sido escrito por ele. Trata-se, sim, de uma "reconstrução" de 1945, feita por Remo Giazotto, musicólogo e autor de uma biografia do compositor. Pouco depois do final da Segunda Guerra, Giazotto alegou ter recebido da Biblioteca Estadual da Saxónia, em Dresden, um fragmento manuscrito, que fora encontrado entre as ruínas do prédio, e que, segundo o musicólogo, seria parte do movimento adagio de uma Sonata da Chiesa (música para ser interpretada em Igreja), composta por Albinoni por volta de 1708. Curiosamente Giazotto, o tal que afirmava ter reconstituído a obra, acabou por registá-la em seu nome para efeito de direitos de autor, publicando-a em 1958. Mais estranho ainda, é que nunca publicou o tal fragmento que seria supostamente de Albinoni.
O certo é que a composição é efetivamente belíssima, tendo integrado a banda sonora do filme “Gallipoli” de 1981 (realizado por Peter Weir e protagonizado por Mel Gibson e Mark Lee), sobre a campanha de mesmo nome, empreendida na Turquia durante a Primeira Guerra Mundial.
Albinoni compôs cerca de oitenta óperas, das quais 28 foram produzidas em Veneza entre 1723 e 1740, das quais não resta quase nada. Aproximadamente setenta dessas partituras foram destruídas durante o já anteriormente referido bombardeio a Dresden. Sabe-se entretanto que, nos anos 1720, suas óperas eram frequentemente representadas fora da Itália, principalmente em Munique. Além de trinta cantatas (das quais só uma foi publicada), o que chegou até a nossa época foi sua obra instrumental, que havia sido impressa e na qual se destacam os seus concertos para oboé.
Há também cerca de vinte outras composições, não numeradas e não editadas, uma vez que a maior parte ainda se encontra na forma de manuscritos.
Termino, convidando-o a ouvir essa lindíssima obra que ainda que não seja verdadeiramente sua, será para sempre conhecida como o Adagio de Albinoni.
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