JORGE MADUREIRA |
Sento-me para escrever esta crónica a faltar quinze minutos para iniciar o Portugal – Islândia
Tenho uma paixão especial pela selecção. Está à frente do clube de coração. Sei que em Portugal – primeiro os clubes e depois a selecção.
A selecção tem uma importância latente entre as várias gerações de emigrantes. A identificação futebolística perpetua o vínculo ao país, sendo um elemento da cultura popular portuguesa onde consegue juntar pessoas de classes sociais distintas, de gerações diferentes e sexo diferente. Ou seja, a selecção tem mais peso fora do país que talvez dentro de portas. Dentro do país tem mais importância os clubes do que a selecção. Inicialmente, as primeiras gerações levavam isso consigo para os países em que se fixavam. Percebiam o futebol regionalmente e não por uma abrangência nacional.
O futebol tem feito muito pelas comunidades portuguesas, mais do que qualquer outra associação ou tradição. Tornou-se num elemento fundamental de integração dos emigrantes. As comunidades de origem e acolhimento ficam mais próximas com operários e licenciados. O futebol tem uma linguagem universal.
É “impossível” dissociar a população portuguesa do futebol, quer em Portugal ou no estrangeiro. Como atrás dizia, o futebol tornou-se num elemento de orgulho para quem está lá fora, saído do país por falta de condições financeiras. Mas o fenómeno está transversal, e também abrange a nova vaga de emigrantes, os licenciados.
O futebol tem uma função muito mais relevante na diáspora que no próprio país. É de vital importância a vitória da nossa selecção para que os nossos emigrantes que trabalham arduamente todo o ano, possam extravasar e se sentirem vitoriosos. Sim, porque muitos deles têm um estatuto semi-subalterno, mas durante o jogo podem sentir-se superiores. Então se vencerem…
Por isso, os jogadores quando entrarem em campo devem estar conscientes da importância do seu desempenho para toda esta gente que os ama e faz questão de os venerar. Devem deixar tudo em campo, sem vaidades mas com toda a humildade. Vençam por vocês, vençam por nós, mas substancialmente por eles, emigrantes.
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