sexta-feira, 10 de junho de 2016

DIA DE PORTUGAL E...

GABRIEL VILAS BOAS
A seleção nacional de futebol chegou ontem a França, para disputar o campeonato da europa da modalidade. Revejo outra vez as imagens: uma multidão corre atrás do autocarro pintado com as cores da bandeira nacional, vitoriando os jogadores portugueses. Bandeiras, gritos, sorrisos traduzem aquela alegria incontida de ver os seus chegarem.

Claro que Ronaldo é um orgulho, que Quaresma é a promessa de magia enquanto Moutinho, Patrício e Ricardo Carvalho representam a serena confiança num bom desempenho futebolístico, mas a seleção simboliza bem mais que o somatório de heróis ocasionais. A seleção exalta o nosso sentimento de pertença.
Dentro do território nacional, ser português é pouco mais do que banal, mas entre estranhos, a identidade de cada respira muito melhor em português.

Recentemente, em conversa com uma amiga que fez a licenciatura de arquitetura em Brno, República Checa, ouvi algo que me deixou surpreendido:
«Não imaginas com que avidez seguia os telejornais em português; às vezes até os gravava! Ouvir falar português, saber alguma coisa do teu país… sabia tão bem!»

Atualmente, quem vive fora de Portugal não equaciona o regresso como um objetivo primordial, mas ganhou respeito, admiração, amor pelo país onde nasceu. Percebeu, finalmente, quão saboroso é o sol português, quão melodiosa é a língua de Camões e Pessoa, como são belos os socalcos do Douro, as searas alentejanas ou a luz de Lisboa. Foi em Paris, Luanda, Londres e Bruxelas que muitos perceberam quanto amavam Portugal, quanto ele lhes era essencial.

Talvez por isso muito emigrantes se juntem fora de portas como nunca o fizeram em Portugal e não hesitem em afirmar a sua nacionalidade. Ainda que tenham a consciência que o país continua pobre e perdido num labirinto estranho, deixaram de dizer mal do país, porque ninguém diz mal daquilo e daqueles que ama. Foi fora de Portugal que aprenderam a amar a pátria. Sentem-se mais inteiros e mais verdadeiros.

Não sentem vergonha em correr atrás de um autocarro de futebolistas, porque aquele autocarro é bem mais do que o autocarro do Ronaldo, do Nani ou Moutinho; aquele autocarro traz-lhe os lugares, os olhares e os sonhos de um país a que pertencem.

É muito bom pertencer a um lugar e a um povo, porque isso é a garantir de que temos raízes e somos amados. E tudo o que fazemos e somos encontra nisso justificação.

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