ARMANDO FERREIRA DE SOUSA |
A guerra Russo Georgiana, iniciada em agosto de 2008, foi reconhecidamente o primeiro conflito a ser simultaneamente desenvolvido em quatro frentes: ar, terra, mar e no ciberespaço.
E, a par dos ciberataques realizados no anterior ano de 2007, contra a Estónia, rapidamente ficou demonstrado o papel do ciberespaço nos modernos conflitos entre estados, sejam aqueles apenas desenvolvidos na nova frente digital sejam acompanhados de ações físicas.
Ataques de negação de serviço, inativação de sites governamentais e de órgãos de informação, desativação de redes de comunicações, sabotagem nas redes de instituições financeiras, introdução de notícias falsas em ordem a criar a confusão e a cimentar o medo e o pânico, estas técnicas rapidamente demonstraram a capacidade de dano das ações hostis desenvolvidas nesta nova frente de ação.
Sem embargo, e salvo no que respeita às comunidades adstritas à defesa e segurança, aos serviços de informação e a alguns meios académicos, esta novel dimensão dos conflitos notoriamente passou despercebida aos cidadãos, que não se muniram nem foram munidos de conhecimentos que lhes permitissem, de certo modo, mitigar os danos causados por este novo tipo de guerra da informação.
Assim, aqui chegados, é cada vez mais evidente que as virtualidades da conetividade oferecida pelo ciberespaço, são hoje em dia aproveitadas ao máximo pelas potências que mantêm interesse na disseminação de falsas noticia, por forma a prosseguir os seus intentos de desinformação e manipulação dos cidadãos.
Estados ou mesmo grupos terroristas têm vindo a criar campanhas de desinformação e manipulação que até há pouco tempo, se encontravam limitadas pelo controlo dos meios de informação oficiais, pelas redes de informação clandestina ou pelo simples boato.
Hodiernamente a criação e disseminação de conteúdos de origem não certificada e com intuitos de engano e de criação de medo e terror, tornou-se assim um dos maiores perigos ao livre desenvolvimento das sociedades modernas, condicionando indelevelmente a livre formação do pensamento crítico do cidadão.
Conteúdos que, utilizando falsidades, subtilmente incitam ao ódio, ao medo e à criação de vieses, são-nos diariamente apresentados nas redes sociais como sendo a mais pura da verdade, ali, à distância de um mero e fácil clique no rato do PC ou toque no visor do nosso telefone ou tablet.
Estaremos preparados para escolher as fontes de informação mais fidedignas? Estaremos preparados para colocar em causa as notícias que são publicadas através de sites ou perfis de origem anónima e sem qualquer controlo jornalístico? Estaremos preparados para detetar uma notícia apoiada em dados falseados e em fotografias espaço-temporalmente desenquadradas?
Um dia talvez, hoje não!
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