HERMÍNIA MOTA |
Ontem, 6 de Junho, comemorou-se o D Day ou Dia D.
Neste mesmo dia, em
1944, desembarcam na Normandia forças militares dos Estados Unidos, Reino Unido
e outros países aliados e dão início a uma sangrenta batalha que vem a libertar
a França da ocupação nazi, que se prolongava desde 1940.
A Batalha da Normandia não representa só a libertação da
França do domínio alemão, mas de toda a Europa, que expurga os seus ódios e
fantasmas.
Começa também a delinear-se o surgimento da “Europa” como
entidade autónoma, com objectivos militares e defensivos.
No ano seguinte, a 6 de Agosto de 1945 é lançada a primeira bomba atómica em
Hiroshima, seguida, passado três dias (9 de Agosto de 1945) de um outro lançamento
em Nagasaki.
Nestes dois dias, não foi só a II Guerra Mundial que
terminou, mas um mundo inteiro que
mudou.
Hiroshima faz mais de 140.000 vítimas e Nagasaki 74.000.
Começa a era atómica e com ela, a era do horror. A morte em
massa em segundos ou minutos, deixada ao
livre arbítrio de uma meia dúzia de líderes obcecados, “doentes” e desfasados do tempo e do respeito
pela vida e liberdade, que manipula um número crescente e indeterminado de
seres dispostos a matar e a morrer. A matar o inocente, o desconhecido, o
discordante representativo de uma cultura, religião ou sociedade diferente ou
adversa.
Apesar dos constantes apelos ao desarmamento, das reuniões
entre líderes, do G7, mais ou menos sorrateiramente, alguns países e estados
trabalham na construção de armas químicas, nucleares e biológicas.
Há cerca de duas semanas, vi na televisão um programa sobre a Coreia do
Norte. Talvez nunca antes tenha tomado consciência da perigosidade da mente
doentia do seu líder e do regime.
Foram entrevistados, sempre sob o olhar atento de apoiantes
e “empregados” do regime, professores, operários, donas de casa, agricultores e
crianças ( o que mais me impressionou!). Todos veêm o “grande líder” como um
semi-deus, aquele que importa garantir que esteja sempre feliz.
Os trabalhadores, entregam todo o seu trabalho ao líder. Não trabalham em
proveito próprio, mas do regime. E quanto mais trabalham, mais felizes são,
também, porque agradam ao regime.
A retribuição,
essa, é denominada “pão e circo”.
Têm o pão garantido e uns “tristes” espectáculos de música, teatro, um pequeno grupo de golfinhos aprisionados que divertem o povo ao fim de semana e que este aplaude como tresloucado. Peço desculpa pela expressão, mas foi exactamente o que vi. Um público quase em êxtase, previamente sujeito a uma profunda lavagem cerebral.
Um dos jornalistas da CNN perguntou a um menino com 8, 9
anos, no máximo, o que queria fazer no futuro. A resposta foi impressionante: “fazer parte do exército
popular”.
Numa escola, uma professora perguntava aos alunos de quem
era a culpa da necessidade da Coreia do Norte fabricar armas nucleares.
Resposta: dos americanos e dos japoneses.
E estamos em pleno século XXI…
E a reportagem tirou-me o sono.
O fanatismo que vi naquele povo.
O mesmo que vemos no Estado Islâmico. Diferentes ideais,
diferentes meios, mas a mesma manipulação.
O ódio semeado contra o desconhecido. O inimigo e o assassino
camuflado e omnipresente.
Olhamos para o lado e qualquer um dos passantes pode ser um
extremista pronto a matar e a morrer. E o orgulho das mães destes “mártires”…
Dá que pensar. E muito.
Mas o certo é que temos estados a jogar em várias frentes. Apregoam o desarmamento e na cena seguinte, estão a fomentar o mercado negro de armas de guerra.
A sociedade da hipocrisia e do lucro chorudo e fácil.
Paris, ainda não refeita dos atentados de Novembro passado e
em permanente Estado de Emergência, , já tem o Campeonato Europeu de Futebol na
mira dos extremistas.
E não só do Estado Islâmico, mas de elementos
ultra-nacionalistas, movidos por convicções nacionalistas e islamofóbicas.
Com a captura do pretenso mentor dos atentados de Paris e com a análise ao seu computador, tomamos consciência de tudo o que temíamos: os terroristas estão dispostos a lançar mão de qualquer tipo de armas. Até das biológicas. É o inimigo quase imprevisível e incontrolável.
Não tem alvo ou cenário de guerra. Todos somos alvos e qualquer
local é um campo de batalha, desde que faça o maior número possível de vítimas.
Agora, a detenção na Ucrânia, do cidadão francês com cerca de
100kg de armamento de guerra. Apanhado num cenário de guerra onde o acesso às
armas deveria ser muito difícil.
Ou a Europa e o resto do mundo, toma sérias medidas, ou
começa a desdobrar-se e o Dia D foi em vão.
Parabéns pelo excelente texto pela forma como o assunto foi devidamente exposto tendo em conta o momento em que nos encontramos. Francisco.
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