TIAGO CORAIS |
Conforme escrevi no artigo anterior, o grupo informal "O Poder das Palavras"(https://www.facebook.com/oPoderDasPalavrasPT) organizou no dia 6 de Janeiro, em Braga, “CONVERSAS COM CIDADÃOS DO MUNDO”. Irei aproveitar este espaço para partilhar convosco algumas reflexões que foram feitas nesta tertúlia.
O modelo escolhido para o debate foi inovador, mas arriscado. Ter um painel de 5 “magníficas personalidades” da Sociedade Civil a conduziram o debate e 5 “estrelas” de Cidadãos do Mundo a partilharem as suas experiências e visão do Mundo, parecia à partida difícil de gerir e havia o receio de não haver espaço para que a plateia pudesse colocar as suas questões. Mas não tenho dúvidas, o modelo venceu e principalmente convenceu!
A Maria Augusta Ribeiro, oradora da Sociedade Civil, professora aposentada e uma apaixonada pelos Direitos Humanos, animou o debate com as perguntas colocadas à “Cidadã do Mundo” Fernanda Torres. Depois de abordado o tema sobre o movimento sindical no Reino Unido e Suécia, fez questão de intervir esclarecendo que muitas vezes os sindicatos em Portugal não têm uma boa imagem na sociedade, por culpa das entidades patronais que as descredibilizam. Questionando quantas empresas portuguesas é que nem sequer têm uma Comissão de Trabalhadores e os Direitos Humanos são renegados constantemente. Fernanda Torres, a viver na Suécia, que marcou o debate em todas as dimensões, explicou-nos que no país onde vive, toda a gente é sindicalizada. Comparou também as suas experiências profissionais em Portugal e no país que a acolheu e conclui que as palavras de motivação e reconhecimento deviam ser mais frequentes em Portugal. Também abordou com muito entusiasmo a questão da Igualdade de Género, afirmando que em Portugal ainda existe um longo caminho a percorrer.
Jónio Reis, um dos Administradores da Bosch em Aveiro, deixou uma mensagem de receio que o retorno do investimento feito na geração portuguesa mais bem formada, seja desperdiçado porque os jovens não encontram desafios em Portugal à altura das suas ambições. Eu, o Cidadão do Mundo que vive nos EUA, Marco Bravo e orador da Sociedade Civil, Director do Programa MIT Portugal, Pedro Arezes, apesar de não discordarmos dessa reflexão, realçamos que o fluxo de pessoas é nos dias hoje uma situação “natural”, que muitos portugueses a residir lá fora irão regressar a Portugal, voltando melhor preparados para os desafios futuros. Mesmo os que não voltassem, porque a ligação ao nosso país é forte irão criar oportunidades para criar valor a Portugal. Desta forma, partilhamos o nosso optimismo que de uma forma ou de outra Portugal irá ganhar com estes Cidadãos do Mundo.
O Italiano Andrea Zille e o ex-Presidente Câmara de Guimarães, foram outra dupla inesperada que contribuiram para um debate estimulante sobre a Democracia Europeia e a Valorização do Património Cultural. Andrea Zille, afirmou mesmo que Portugal em termos de Património Cultural nada deve a Itália e o que nos falta é saber promover.
Isabel Estrada Carvalhais, Professora Universitária em Ciência Política da Universidade do Minho e especialista nos temas sobre a emigração e imigração, trouxe para a discussão números sobre esta temática, mostrando as diferentes realidades da emigração actual. Focou que as remessas dos emigrantes ainda são uma fonte de receita interessante para o Estado Português. Também fez questões fundamentais sobre a emigração no Reino Unido, EUA e sobre os direitos políticos activos da Comunidade Chilena em Portugal. Claudio Sunkel, Chileno a residir em Portugal, respondeu que para ele a definição de Cidadão do Mundo é a curiosidade e o envolvimento nas comunidades que o acolhem. Afirmou, que quer nos EUA, Reino Unido onde viveu e agora em Portugal o que sempre fez foi integrar-se e conhecer as novas culturas. Claudio Sunkel, cientista e director do Instituto de Investigação i3S também focou a necessidade de Portugal investir mais na Ciência.
Quem participou nas “Conversas Com Cidadão do Mundo”, ficou entusiasmado e com vontade de participar na próxima, que prometo aqui que a irei voltar a organizar nas próximas férias de Natal. A grande síntese desta iniciativa foi a que saiu no Jornal do Correio do Minho:
<<Portugal é um país que ainda tem muito para dar ao mundo.>>
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