JOÃO RAMOS |
Soubemos que doutor Mário Soares se encontra hospitalizado em estado critico, o que revela problemas graves com a seu estado de saúde. Numa altura em que o populismo e os partidos extremistas crescem um pouco por todo a Europa e EUA, convém lembrar o seu legado e a sua importância na história de Portugal.
Desde cedo envolvido na vida politica, Mário Soares foi responsável pela consolidação da democracia, primeiro enquanto opositor ao regime fascista e mais tarde contra a “onda” comunista que defendia uma ditadura ao estilo soviético. Em 1974, geriu com enorme mestria a descolonização ao absorver mais de 1 milhão de retornados de uma assentada, constituindo ainda hoje uma das melhores e mais rápidas integrações da história. Apanhado no meio de uma penosa fuga de capitais, de nacionalizações compulsivas das maiores empresas nacionais e da crise petrolífera de finais dos anos 70, encetou uma coligação inédita com o maior partido da oposição, negociando dois importantes empréstimos internacionais com o FMI. Estes empréstimos permitiram estabilizar a moeda, o escudo, restaurar a confiança dos investidores internacionais e alavancar o crescimento económico, equilibrando a nossa balança de pagamentos. Europeísta convicto conduziu o difícil processo de adesão à então CEE, que assegurou a entrada de largos milhares de milhões de euros com que Cavaco Silva e demais políticos puderam transformar para o bem e para o mal o país de norte a sul. Em 1982, empreendeu uma ampla reforma constitucional que desenhou os pilares da democracia que hoje conhecemos e reafirmou a separação de poderes. Enquanto presidente da república exerceu um mandato enérgico, activo percorrendo vilas, cidades e distritos, ouvindo as queixas dos cidadãos comuns, reforçando dessa forma, a ligação do poder politico com a sociedade. A título internacional, é talvez, a par de António Guterres e Durão Barroso, um dos políticos portugueses mais influentes e reconhecidos de sempre. Os seus detractores não lhe apontam erros de gestão ou decisões políticas, preferindo criticar atitudes ou comportamentos que não passam de mentiras infundadas.
Desejando-lhe as rápidas melhoras, termino com as palavras finais de um dos seus célebres discursos proferido nos turbulentos anos 70: “Não queremos um socialismo checoslovaco, não queremos um socialismo jugoslavo, não queremos um socialismo soviético, mas sim um socialismo democrático”. Um muito obrigado por tudo aquilo que és e representas Mário Soares.
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