sábado, 21 de janeiro de 2017

FRUTA DA ÉPOCA

CARLA LIMA
É normal fazermos resoluções para o novo ano como: começar a fazer exercício físico; deixar de fumar; ter uma alimentação mais saudável; fazer voluntariado; etc…Enfim! Todos aqueles clichés que, até podemos começar, mas acabamos por abandonar por falta de paciência ou por outros motivos quaisquer. Mas aplaudo as pessoas que conseguem seguir as suas resoluções. Na minha lista não estava uma mas que, desde que o ano se iniciou, insiste em manter-se: ficar constipada.

Comecei o ano da melhor maneira. Passei o ano novo a dançar até às sete da manhã como se tivesse 18 anos. Quando acordei, o meu corpo de 38 deu-me de presente três dias de cama de dores de costas, dos músculos nas pernas e bolhas nos pés.

Depois destes dias de dores intensas pensei: “Agora é que vai ser!” Mas os senhores meteorologistas (sim, vejo a meteorologia todos os dias e se não vejo o meu companheiro faz questão de actualizá-la pelo menos cinco vezes por dia) começaram com uma conversa de baixas de temperaturas e frentes frias e tenho estado constipada “on and off” desde aí.

Para quem não sabe, moro em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores.

O clima dos Açores sempre foi estranho, no sentido de quem diga que faz as quatro estações no mesmo dia. Sempre foi um clima temperado, registando-se temperaturas médias de 13°C no Inverno e 24°C no Verão. E devido à humidade alta, mesmo com 13º C parece mais “quentinho” do que realmente está.

Mas neste mês de Janeiro não é isso que tem acontecido. As temperaturas têm oscilado muito durante o dia e na semana passada chegou a estar 7º C graus à noite em Ponta Delgada. Ora, 7º C para nós é como graus negativos na Serra da Estrela. O corpo fica dormente, não se sente os dedos dos pés e das mãos e ficamos com narizes de palhaços de tão vermelhos do frio.

Não se pode sair de casa, nem para ir comprar pão ao supermercado. São espirros, é tosse. As pessoas nem se cumprimentam e desculpam-se com o já famoso: “Peço desculpa, mas é a fruta da época.” E eu a pensar que a fruta de Janeiro eram as laranjas.

Tenho de ir hibernar até este frio passar. Acordem-me lá para Março. Em Abril não, porque “Em Abril, águas mil” e eu não sou mulher de chuva. Nem de chuva e nem de frio.

Se esta crónica não fez muito sentido, peço desculpa, mas é a fruta da época.

“Outro dia estava fazendo um frio tão grande, que eu quase me casei.”
Shelley Winters

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