quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

GRATIDÃO: CONSEGUE SENTI-LA?

CARLA SOUSA
Quantas vezes nos queixamos quando não temos o que queremos?

Quantas vezes deitamos a culpa para a sorte ou até para Deus?

Apenas quando desenvolvemos a capacidade de ter gratidão é que conseguimos estabelecer troca de amor nas relações. Porque gratidão é a capacidade de reconhecer que alguém nos deu algo generosamente.

Se quisermos, conseguimos dar significado à própria vida, o que nos conduz à evolução.

Devemos ser gratos às pessoas que no decorrer da nossa vida nos foram dando o seu amor, o seu investimento, a sua amizade...

A ciência da gratidão surge como a mais elevada expressão do amadurecimento psicológico.

Para que a gratidão se expresse, é necessário que a pessoa seja humilde.

Ninguém é autossuficiente ao ponto de não depender de nada ou ninguém. Muitas vezes somos míopes emocionalmente e não vemos a harmonia na vida.

O ingrato é o míope que reclama de tudo: do tempo, dos relacionamentos, culpa o outro pelo seu mal-estar e agarra-se a isto para fugir da realidade a todo o custo.

A gratidão, terapeuticamente, é importante para que a pessoa possa dar significado ao que acontece no dia-a-dia, permite a consciencialização das consequências dos comportamentos. Em suma, permite o amadurecimento psicológico.

Robert Emmons (2010) diz que a gratidão é o facto esquecido na pesquisa da felicidade. Segundo este autor, as pessoas que manifestam gratidão apresentam níveis mais altos de emoções positivas, satisfação com a vida, vitalidade, otimismo, sofrem menos stress e depressão. Demonstram ser simpáticas e conseguem ver as coisas pelos olhos dos outros. Não ignoram ou negam os aspetos negativos da vida, mas nas suas redes sociais são consideradas mais generosas e prestáveis. Quem manifesta gratidão é menos invejoso.

Geralmente, agradecemos coisas grandiosas, uma herança, um prémio… Mas, quando valorizamos a vida e as coisas simples, como estar com a família, apreciar uma refeição, um filme, é que sentimos um equilíbrio, uma felicidade plena.

Melanie Klein diz que “o sentimento de gratidão é uma das mais claras expressões da capacidade de amar. A gratidão é um fator essencial para estabelecer a relação com o objeto bom e apreciar a bondade dos outros e a sua própria”. 

Portanto, para ser feliz aprenda a agradecer, aprenda a reconhecer as coisas simples e boas da vida.

Não agradeça só por educação, para manter as máscaras sociais ou para ser politicamente correto. Seja genuíno.

A capacidade de sentir gratidão promove e melhora a qualidade de vida.

Como balanço deste ano, pense, reflita se se sente grato. Para este novo ano, aprenda a apreciar a bondade e a generosidade nos outros e expressar a sua.

Se para si nada parece suficientemente bom ou de valor pense em procurar terapia.

Viver num mundo de injustiças, guerras, crimes, corrupção, inveja, competição e de aparências acaba por nos desfocar do essencial. Acaba por alimentar o nosso lado mais destrutivo e abalar a nossa paz interior.

Chegar ao estado de gratidão é muito mais que expressar um “muito obrigado”, é, sim, ser humilde e colocar orgulho de parte.


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