ELISABETE SALRETA |
O morcego Totó andava sempre com a cabeça na lua, ou por outra, na terra, pois os morcegos dormem de cabeça para baixo, embrulhadinhos nas suas asas que mais parecem uma capa.
Um dia, ou seja, uma noite, pois eles estão acordados de noite, acordou o totó e pôs-se a esvoaçar de lado para lado, sem norte, sem eira nem beira, enfim, de todos os modos menos a direito. Tanto balançou que foi contra um lençol que a D. Maria tinha estendido na corda da roupa e…
Tchá, caiu ao chão em pirueta.
Tentou-se levantar, erguendo as asas, tentou de novo…. E lá conseguiu.
Seguiu a sua viagem. Distraído como era, não deu pelo vento que se levantou e… tchá. – Levou com uma perna d’umas calças de ganga também estendidas. Voou, passou por cima da vedação, e foi bater contra a casota do Pantufa, o cão da D. Rosa.
Pobre Totó. Desmaiou com o embate e toda a noite ali ficou, caído, perto da porta da casota do cão. O Pantufa teve tanta pena dele que o guardou toda a noite, como só os amigos sabem fazer. De manhã o Totó acordou e como não via nada, pois os morcegos são ao contrário de nós e não vêm de dia, ficou ainda mais tonto e confuso.
O Pantufa, com muita pena dele levou-o para dentro da casota e tomou conta dele, levando-lhe pedaços de fruta para o Totó comer.
E assim, ficaram felizes, os amigos.
Uma história que escrevi para a minha filha quando era bem pequena. Já na altura eu ensinava-a de que todos os animais merecem respeito e o nosso carinho.
Uma história repleta de sensibilidade e de grande ensinamento, onde os valores antigos deviam ser sempre os mais actuais! Para ler e reler! Parabéns, poetisa Elisabete Salreta!
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