PAULO SANTOS SILVA |
Com esta crónica, dou início a uma pequena trilogia sobre a história da primeira e mais bela de todas as Artes – a Música.
Não pretendem estes textos ser um tratado de referência na matéria. Pretendem, sim, de uma forma simples e despretensiosa, dar a conhecer a sua evolução ao longo dos vários períodos da História, focando aspetos relativos às diferentes formas, estilos e instrumentos.
A Música é considerada a Arte mais antiga e a mais primitiva de todas. Desde que o Homem habita este “terceiro calhau a contar do Sol”, que sentiu a necessidade de comunicar. Para isso usava, por exemplo, sinais sonoros como gritos, sons corporais, batimentos com pedras ou com ramos de árvores. No fundo, o Homem Pré-Histórico começou por imitar os sons que ouvia na Natureza, sendo que a partir do momento em que lhes começou a atribuir uma determinada intenção, podemos afirmar que se deu início ao longo percurso da História da Música. Assim, o homem começou a fazer uso dela nas suas cerimónias e rituais, como por exemplo, na evocação das forças da natureza, no culto dos mortos e no decorrer da caça, Começou por usar apenas a voz e os diversos sons corporais e, mais tarde, também introduziu gradualmente instrumentos (flautas, ramos de árvores perfurados, paus, pedras) que construía para usar nas suas músicas e danças, numa tentativa de agradar mais aos deuses. Depois de descobrir a beleza e a funcionalidade da Música, o Homem nunca mais se separou dela.
Avançando um pouco mais na História, notamos que ela assumiu um papel central nas diversas atividades diárias das grandes civilizações da Antiguidade, nomeadamente no Egipto, Grécia e Roma. No Egipto fazia-se música, tanto no palácio do Faraó, como no trabalho do campo ou ainda no culto dos mortos. Eram normalmente as mulheres que tocavam. A música tinha uma origem divina e estava muito ligada ao culto dos deuses. A Grécia aparece muito ligada à poesia e à escrita que, a par com a música, participavam como forma de expressão nos teatros. A civilização grega teve um papel fundamental para a evolução da história da música ocidental, sendo de destacar o seu contributo essencialmente em relação ao ritmo e à notação musical. Sabe-se que em Atenas se realizavam anualmente concursos de canto e que as peças de teatro eram acompanhadas por música. Os gregos já tinham noção do culto da música como arte e como ciência, pois a música era tão valorizada que fazia parte das quatro disciplinas essenciais para a educação dos jovens. Foi também na Grécia Antiga que surgiu o órgão.
Toda a música do império romano foi influenciada pela dos gregos. Em Roma, as lutas dos gladiadores eram acompanhadas por trombetas. A música estava sempre presente nas casas dos homens e mulheres com muito dinheiro. Nas ruas davam-se pequenos espetáculos de malabarismo e de acrobacia que eram sempre acompanhados por flautas e pandeiretas. Destaca-se nesta cultura a invenção do órgão hidráulico. O órgão hidráulico é um tipo de órgão que funcionava a água e que mais tarde daria origem ao órgão de tubos, instrumento que ganhou grande popularidade na música religiosa e que passou a produzir o som em função da circulação do ar dentro de uns tubos com diferentes formas e tamanhos.
Enquanto espera pela próxima crónica para saber o que aconteceu na Música com a queda do Império Romano e a consequente implantação do Cristianismo, deixo-lhe como sugestão de audição aquela que será a mais antiga melodia conhecida e que datará de cerca de 1400 anos Antes de Cristo.
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