quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A MÚSICA E A SOCIEDADE

PAULO SANTOS SILVA
Desde que surgiu na Pré-História, que a Música sempre teve um papel preponderante na vivência quotidiana do Homem, nomeadamente na forma como se relacionava com os seus próximos, com o ambiente que o rodeava e com tudo aquilo que não entendia e, como tal, atribuía a uma qualquer Divindade que desconhecia mas que respeitava e acima de tudo temia. Coisas tão simples e básicas para o nosso conhecimento atual, como a alternância entre a noite e o dia, eram para o Homem Pré-Histórico um mistério insondável, que procurava compreender através de uma identidade com a qual comunicava através de sons que produzia, usando o seu corpo ou materiais que a Natureza colocava à sua disposição. Terão sido estas as primeiras manifestações musicais. Percorrendo os diversos períodos da História, até aos dias de hoje, facilmente verificamos que a Música influenciou a Sociedade nas suas várias transformações, ao mesmo tempo que ela própria se foi modificando e evoluindo, a reboque das mesmas. As formas musicais, os instrumentos, os rituais em que era utilizada e, em particular, o aparecimento da escrita musical que se “democratizou”, quase por exigência de algumas classes sociais menos letradas, mas que viam na importância do registo para memória futura das suas vivências musicais, são exemplos que só encontram paralelo na História nos grandes momentos evolutivos das Sociedades, como o aparecimento da Internet ou no aparecimento de sistemas operativos como o Windows. Também a evolução da Moda se pode associar em paralelo, a grande parte dos movimentos musicais, nomeadamente no Século XX. Os hippies, as mini-saias, as calças à boca-de-sino, os blusões de couro, são indumentárias que estão indelevelmente “coladas” a movimentos musicais fortíssimos como os que surgiram nos anos 50, 60 e 70, onde géneros musicais como o Rock’n’Roll, o Pop ou grandes acontecimentos como o Festival de Woodstock, marcaram momentos de grande importância social, provocando alterações importantes na forma como a Sociedade abordava determinados temas ou problemáticas. Talvez hoje em dia, já não seja tão fácil de quebrar determinadas barreiras impostas por uma formatação social, a que alguns chamam de globalização. No entanto, a Música e muitos dos seus intérpretes, continuam a lutar tenazmente contra os modelos impostos pela indústria, aproveitando ferramentas como as mais variadas redes sociais, para difundir o seu direito à diferença. Gostem ou não gostem. Consumam ou não consumam. Chamem-lhe música de intervenção. Chamem-lhe resiliência. Chamem-lhe o que quiserem. Eu chamo-lhe, apenas, MÚSICA. 



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