CATARINA PINTO |
Quem não conhece a profundidade dos vales cerrados, das montanhas verdejantes. Onde silêncios perpétuos habitam como séculos tímidos com o arrastar do tempo.
Era aqui mesmo, onde o céu se confunde com os sonhos que vivia uma menina… A Menina do Rio. A Menina do Rio, pequena e frágil como os sentimentos, de longos cabelos dourados pelo sol do verão e presos numa trança que ondulava como as ondas da imaginação. Vestia um curto vestido cor- de – rosa tão simples como a beleza da alma e inocência.
Ela era o que existia de mais puro, uma espécie de anjo perdido na Terra. Costumava brincar sozinha entre o milheiral e um rio que existia mesmo ao fundo de uma colina.
Todos os dias ela olhava o rio. A água correr freneticamente tal e qual como se tivesse horas para cumprir um dever da sua agitada. Olhava a água tão límpida e gélida. Ali via passar os pássaros por cima da água talvez com sede de vida talvez apenas por coincidência. Ficava a olhar as flores que na Primavera vinham visita-la mesmo ali ao pé do seu rio. Mas no seu interior, brilhava uma luz dos seus sonhos.
Guardava em segredo a sua utopia. Conhecer o mar… É verdade, a Menina do Rio que conhecia a profundeza do rio nunca tinha sentido o sabor do sal do mar num dia quente de Verão.
Nunca tinha sentido a maresia abraça-la, envolve-la com toda a ternura. Nunca tinha percorrido o areal quente queimando os seus pés delicados enquanto procurava buzio e estrelas do mar perdidas entre as rochas ou brincar com os caranguejos…
Nunca tinha construído castelos junto a água do mar… A Menina do Rio sonhava acordada todos os dias que ira conhecer o mar. Na verdade talvez até estivesse apaixonada por ele.
Acreditava bem no fundo do seu coração que um dia iria voar do rio até ao mar talvez até construísse o seu barco para chegar ate ao seu amor… Um dia sim, iria ser a Menina do Rio que desaguaria no mar…
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