JOÃO TEIXEIRA, Pe. |
1. Belo — muito belo — é este dia. Grande — muito grande — é a festa que celebramos neste dia.
A solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria é uma festa eminentemente pascal. Hoje, de facto, celebramos a passagem de Maria da morte para a plenitude da vida. A Ressurreição de Maria é uma consequência da Ressurreição de Jesus e, ao mesmo tempo, desponta como prenúncio da nossa própria Ressurreição.
2. A união entre mãe e filho encontra aqui a sua expressão máxima e a sua concretização suprema. Maria esteve unida a Jesus na morte. Como é que Jesus não haveria estar unido a Maria na Ressurreição?
Maria acompanha Jesus até à morte. Jesus conduz Maria à Ressurreição. Jesus sobe para o Pai e faz subir Maria para o mesmo Pai. Jesus eleva-Se ao Céu. Maria é elevada ao Céu.
3. É a diferença, não apenas terminológica, entre ascensão e assunção: ascensão é mais activa, assunção é mais passiva.
Jesus sobe ao Céu pelas Suas próprias forças. Maria é elevada ao Céu na força de Seu Filho Jesus.
4. A Igreja sempre acreditou naquilo que o Papa Pio XII viria a formular a 1 de Novembro de 1950, na constituição apostólica «Munificentissimus Deus»: a Virgem Maria,«tendo terminado a Sua missão na terra, foi elevada, em corpo e alma, à glória do Céu».
Como membro da Igreja — membro mais eminente porque mais santo —, Maria, na Sua assunção, indica o caminho à própria Igreja: a consumação no tempo futuro, na eternidade com Deus. Maria é a garantia de que a Igreja, que caminha no tempo, não se esgota no tempo. O caminho da Igreja só estará concluído além-tempo, na eternidade.
5. O triunfo de Maria é o triunfo da Igreja. Não um triunfo sobre ninguém nem contra ninguém. O triunfo de Maria é o triunfo da Igreja com toda a humanidade. No fundo, o triunfo de Maria é o triunfo da humanidade: de uma humanidade redimida, de uma humanidade reconciliada, de uma humanidade aberta e acolhedora.
O triunfo desta humanidade é o triunfo da humildade. Maria mostra bem que só chega ao alto quem fica ao lado dos que estão em baixo. Só atinge as alturas quem se dispõe a descer às profundezas. Só alcança a luz quem não foge das sombras. É por isso que Maria agradece a Deus por ter olhado para a humildade da Sua serva (cf. Lc 1, 48). Ela reconhece, em linha com o Salmo 138, que Deus olha para quem é humilde (cf. Sal 138, 6).
6. O triunfo de Maria não é, pois, o triunfo dos que costumam vencer. Pelo contrário, é o triunfo daqueles que costumam ser vencidos. Não espanta, portanto, que Maria veja a história ao contrário. Maria sabe que, para Deus, os vencidos são os vencedores e os pequenos é que são reconhecidos como grandes.
O triunfo de Maria é oferecido por Deus, que não sabe — nem quer — ser imparcial. Deus toma partido pelos oprimidos, pelos sofredores, pelos humildes. Deus está ao lado de quem é marginalizado e não de forma passiva. Como Maria canta no «Magnificat», Deus dispersa os soberbos, derruba os poderosos e esvazia de riqueza os ricos. Em contrapartida, o mesmo Deus enche de bens os que têm fome e eleva os humildes (cf. Lc 1, 51-53).
7. É comum, em muitos lugares, a bênção de perfumes no dia desta Festa. E não há dúvida de que Maria continua a perfumar a nossa vida com bênçãos sem limite e graças sem fim.
Do Céu, Ela continua a perfumar a terra. Deixemo-nos perfumar sobretudo pela vida do Filho de Maria. A alegria desta Mãe é que sigamos, cada vez mais, os passos de Seu Filho, Jesus!
Sem comentários:
Enviar um comentário