LUÍSA VAZ |
E como tal poucos são os temas actuais que se podem abordar o que acaba por permitir a quem escreve que se dedique a temas menos mundanos. No entanto, em Portugal muito se tem falado sobre o flagelo dos incêndios mas como estamos habituados a estarmos fechados no nosso pequeno mundo, esquece-mo-nos que estamos em várias modalidades nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Se tivéssemos algumas medalhas, à data só temos a de bronze da Telma, muito já se teria dito e escrito, seriamos os maiores, cantar-se-ia o Hino em cada esquina e havia Bandeiras em cada janela de cada casa.
Não é o caso. Quando olhamos para o Medalheiro e vemos quais são os países que ocupam os primeiros lugares até nos arrepiamos com a quantidade de conquistas.
No entanto esquece-mo-nos não só do percurso nacional e internacional, em termos de competições dos nossos atletas como insistimos em nos esquecer que se não forem os clubes, não há apostas no Desporto neste País.
Os Estados Unidos mandam a Simone Baille que se sagra Campeã Olímpica, Ela pratica num ginásio na cidade onde mora mas é a melhor de entre 4 (quatro) milhões de praticantes de ginástica artística. Não é de um qualquer ginásio ou clube, é uma jovem atleta em que os privados, através da criação de ginásios, investiram e em que o seu país apostou. Por mais que se diga que é uma competição entre atletas, o que é facto é que no fim são os países quem contabiliza as medalhas.
Por cá, sabemos que o SLB leva lá a Telma e o Nelson Évora e que ela conseguiu o Bronze mas ele não atingiu o pódio. Mas esquecem-se que o atleta que atingiu o Ouro no Triplo Salto em Pequim, hoje o perde para quem alcança a marca de 17.88 enquanto o Nelson alcança no seu melhor salto 17.03. Com números destes e apesar da medalha de Ouro do Nelson em Pequim, torna-se um pouco difícil repetir a proeza.
Há países que apostam tudo na formação dos seus atletas, seja em ginásios privados, seja via Estado seja ou próprios a sair dos seus países e naturalizarem-se noutros para conseguirem melhores condições de treino. Veja-se o caso dos nossos atletas de Ténis de Mesa que têm que sair de Portugal para estarem num Campeonato mais competitivo.
Hoje o FCP defronta a Roma nos playoffs para a Champions, estarão cerca de 50 mil pessoas no estádio. Ontem algumas dezenas de pessoas juntaram-se ao ar livre em Ponte de Lima para apoiar Fernando Pimenta. Alguns vibraram com Marcos Freitas no Quartos-de-Final da prova de Ténis de Mesa. Mas e um movimento nacional de apoio aos nossos atletas nas diversas modalidades em que estão inscritos?
Quantos sabem que a Luciana Dinis está na final de obstáculos da Equitação e quando é a prova?
O que ainda não se percebeu neste país é que só se vibra com o futebol a menos que sejamos aficionados de outro desporto. Não se percebe que a aposta na prática desportiva pode tirar jovens de situações critica e dar-lhes uma saída que os estudos ou a vida profissional pode não dar. Seria preferível ser praticante de uma qualquer modalidade do que ir para um Festival com bolotas no estômago e ir parar ao Hospital só porque se nasceu numa família problemática.
O sistema de bolsas norte-americano ajuda muitos jovens a aliarem a pratica desportiva e os estudos abrindo-lhes duas saídas em vez de uma que pode resultar ou não no mundo profissional e ainda mais tendo em conta o valor proibitivo das propinas. Muitos saem de gangs ou do mundo da violência, muitos não são arrastados pela droga e há todo um movimento nacional que se cria à volta da participação dos atletas nas competições de mais alto nível e os resultados aparecem.
Nós temos, como qualquer país, um Comité Olímpico mas o nosso não comunica com a população, não conseguimos informações sobre as modalidades, sobre o histórico dos atletas, sobre os resultados obtidos ou sequer sobre como praticar as modalidades. Eu gostava de saber o que é que esses senhores andam lá a fazer e acima de tudo, como ascenderam aos cargos.
Foram batidos inúmeros recordes pelos nossos atletas nestes Jogos Olímpicos. Foi até à data conquistada uma medalha que não deu direito a ouvirmos o Hino mas foi escrita História e a maioria dos portugueses parece ter passado ao largo deste Evento e da participação de Portugal o que é uma pena.
O Movimento Olímpico, por tudo aquilo que representa deveria ter mais expressão na vida das pessoas até pelos valores que defende mas gastam-se rios de tinta a escrever sobre as negociatas por detrás da construção das estruturas para a pratica das modalidades, Lula vem dizer que se não fosse ele os Jogos não teriam ocorrido mas e falar das vitórias dos atletas, levem elas ao pódio ou não? O facto de fazermos tanto com tão pouco não conta para nada? O facto de batermos recordes mesmo que pessoais dos atletas e não olímpicos ou mundiais não assume qualquer expressão?
Triste sina a nossa que só ligamos ao futebol quando há uma infinidade de modalidades a que poderíamos dar importância. Valha-nos ao menos o facto de sermos Campeões Europeus em duas categorias que ao menos conforta a alma nacional.
Da minha parte, muito obrigada a todos os nossos atletas, ao esforço que fizeram e muitos parabéns pelos resultados alcançados. Aos que ainda continuam em prova, muito boa sorte!
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