PEDRO ROCHA |
A compra de uma habitação é provavelmente o maior investimento que ocorre ao longo da vida de uma família. Como tal é corrente estima-la ao longo do seu tempo de vida útil. Qualquer reparação, substituição ou restauro acaba sempre por ser dispendioso. Como tal evita-se e tenta-se contornar qualquer intervenção. Todos nós em algum momento da vida nos deparamos com aquilo a que em engenharia chamam anomalias em edifícios e que acabam sempre por causar transtorno. Estas podem ser fissuras, humidades, maus odores, descolamentos de azulejos, erros construtivos e ainda deterioração de elementos construtivos. As anomalias podem ser classificadas quando à classe de gravidade, existindo aquelas que face à sua pouca importância são muitas vezes desprezáveis e outras que colocam em risco a própria habitabilidade do edifício.
De entre as anomalias mais comuns que surgem nos edifícios, encontram-se as humidades e as fissuras que são um foco de incómodo quanto mais não seja pela sua aparência.
Em Portugal é usual encontrar pessoas multifacetadas que quando se deparam com uma anomalia na sua habitação existe a tentativa de solucionar a situação de alguma forma. O problema é quando a solução passa apenas por resolver a aparência da anomalia, ocultando esta sem resolver o problema que a causou inicialmente. Uma das soluções clássicas para a humidade usada pelos leigos é a de dar umas novas mãos de tinta, ocultando as manchas de humidade apenas, perpetuando assim o problema causador que continuará a causar degradação no edifício. O principal objetivo de uma qualquer intervenção é sempre atuar na causa que provoca a anomalia e não apenas nos efeitos, impedindo que a degradação continue a propagar-se pelos elementos de um determinado edifício causando dano e elevando cada vez mais os custos de uma futura reabilitação.
No caso de uma humidade na parede interior causada pela infiltração da água das chuvas a atuação deverá passar em primeiro lugar pela correção dos defeitos que originam esta humidade. A correção destes defeitos poderá ter em conta fissuras nas paredes exteriores, destacamentos de azulejos ou qualquer outra causa. Só depois da origem do problema estar eliminada é que poder-se-á proceder às reparações na parede interior.
Exemplo de uma anomalia numa parede interior – Infiltração devida à água das chuvas provocada pela má execução de uma calha no exterior do edifício
Atualmente, abundam nas lojas de bricolage soluções de reabilitação que promovem curas milagrosas criando assim uma confiança e expectativa elevada nos seus clientes ansiosos por resolver determinado problema construtivo. Não digo que as soluções vendidas sejam erradas até porque na maior parte não o são, no entanto sempre que exista um problema grave com humidades, fissuras ou outra anomalia deverá sempre existir a intervenção de alguém que saiba diagnosticar e atuar no agente causador desta para só depois resolver os efeitos causados pela anomalia.
A generalidade das pessoas julga que quanto mais cara for a solução, melhor será o seu desempenho e consequentemente maior o tempo de vida útil. É errado porque é o mesmo que inferir: quanto mais cara for uma consulta clínica melhor será a cura. Este conceito é inadequado porque na realidade as coisas são bem mais complexas.
Face a uma anomalia ligeira não existe, à partida, qualquer problema em se proceder a uma solução prática e pouco dispendiosa. No entanto em relação aquelas que causam deterioração continuada de certos elementos construtivos o desejável será pedir ajuda a alguém especializado em reabilitação.
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