terça-feira, 9 de agosto de 2016

FACEBOOK - A FASTFOOD DO EGO

JOÃO MARTINS
O ser humano é sedento de informação. 

Está implícito na nossa prova evolutiva que procuramos sempre uma maneira melhor de resolver os nossos problemas, mais fácil e rápida que nos permita ganhar tempo para fazermos as coisas que realmente gostamos – com isso estamos constantemente à procura de alguém que já fez isso antes (o que nos ajuda a poupar tempo) caso não, inventamos também..

Durante muitos séculos, a sociedade progrediu lentamente porque não haviam meios materiais suficientes para uma transmissão correta e limpa da informação. Muitas vezes também era castrada pelos poderes regentes com receio que colocassem em causa os seus interesses.

Assim, pouco a pouco e desde o século XV até ao final do século XX a eficácia da trasmissão da informação foi sendo aprimorada até à forma como todos hoje em dia a conhecemos.

Temos hoje acesso a todo mundo numa questão de segundos através da internet. Esse poder é imenso, mas como se costuma dizer quanto mais poder, mais responsabilidade. 

E neste âmbito surgem as redes sociais, com o facebook a liderar este “exército comunicativo”.

Se por um lado uma rede social é um ótimo mecanismo para conhecer pessoas novas, reencontrar velhos conhecidos ou divulgar as nossas ideias, muitas vezes tem sido muito mal usada pelos seus utilizadores. 

Uma das maiores epidemias dos nossos tempos são doenças mentais em grande destaque para a depressão e a ansiedade. 

Acredito que uma das grandes causas deste mal estar geral é a confusão (também geral) que impera na nossa sociedade. 

Procuramos desenfreadamente reconhecimento nos outros, estar melhor que os outros, viver melhor que os outros mas não sabemos ainda bem o que queremos de nós mesmos, da nossa própria vida!

Mal empregue, a utilização das redes sociais é como um hambúrguer carregado de coisas que sabem bem, mas fazem extremamente mal. 

Infelizmente muitas pessoas que passam por momentos menos bons tendem a procurar lá afecto, atribuindo um significado extraordinário a um determinado número de gostos que tiveram à sua foto de perfil, ou a uma viagem que fizeram, ou num prato de vitela assada que comeram num restaurante à beira mal plantado. Nada de mal com essas publicações, até ao momento em que as publicamos mais pelo reconhecimento que vamos ter dos outros do que pela nossa satisfação pessoal.

O problema é que no final do dia essa interação é vazia de significado real na sua vida. As rotinas são as mesmas, o trabalho que odiamos é o mesmo, as pessoas que nos rodeiam são as mesmas, mas o nosso perfil social é como uma festa animada, a única coisa animada na nossa vida!

Assim, voltamos lá sempre que podemos, publicamos mais para nos sentirmos bem, investindo menos tempo na vida pessoal, em nos desenvolvermos, em melhorar o que há de mais cativante em nós. 

Ganharmos mil gostos na vida real dá mesmo muito trabalho!!

Comportamentos deste tipo são muito semelhantes a dependências como o Jogo Patológico e têm sido causa de muitas investigações que já começam a classificar esta “adição” muito próximo de diagnósticos desse tipo.

Assim, a utilização das redes sociais deve ser ponderada e realista. Utilizada para uma comunicação eficaz e não aleatória com o objectivo de obter informação relevante que possa ser útil na nossa vida real e não na digital. Se por um lado estarmos informados é bom, por outro o excesso de informação torna-se prejudicial, porque nos torna confusos, com dificuldades em tomar decisões porque não conseguimos optar no meio de tantos caminhos que nos aparecem. 

Consequentemente ficamos ansiosos, ou deprimidos (depende do número de gostos).

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