segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O TEXTO MAIS BONITO DO MUNDO

FERNANDO COUTO RIBEIRO
Tenho de começar por dizer que o que vão ler não corresponde, obviamente, à promessa do título. Não é que seja mentira, é marketing; por outro lado, também é justo esclarecer que não tenho nada de particular para dizer.

Este texto resume, apenas, uma ideia que me tem andado pelo pensamento nos últimos dias: as pessoas precisam que o mundo saiba que elas existem! 


Todos sabemos isso. Todos sabemos da nossa necessidade de pertencer, de sentir que fazemos parte de alguma coisa, que sabem e querem saber de nós. O sentimento de pertença é um lugar quentinho, que tem um copo de vinho tinto (há bebidas alternativas), conversa de 'coisas' e mantinha nas costas (ou abraços de pessoa e força certa).

A questão é que há um determinado caminho, necessário, para chegar a esse lugar de que queremos fazer parte. Há uns anos (largos), quando queríamos ir a um lugar, havia a viagem, e a viagem, por ser difícil, obrigava a planeamento, o que a tornava parte integrante desse lugar. Por exemplo: a ida para o Algarve nas férias era longa e demorada, tinha filas de espera e tinha lugares de paragem obrigatória. Havia um ritual que tinha de ser e era cumprido, e que permitia desvios de rota que acrescentavam histórias à história – e digam lá a verdade: se não são esses desvios que usamos hoje para lembrar esses dias aos quais pertencemos? 

Hoje, saímos de casa, entramos na autoestrada e chegamos. 

De um certo modo, acho que isso está a acontecer com as relações entre as pessoas: andamos a esquecer a viagem. Toda esta tecnologia que tanto nos facilita a vida reduz o tempo necessário, mas que é necessário, para darmos conta do outro e das suas particularidades, daquilo que os torna únicos, das suas apaixonadas contradições. 

É de La Palice, mas o tempo precisa de tempo, e nós também! (Tenho saudades de receber uma carta. Os únicos que hoje me escrevem são os bancos, as telecomunicações, as seguradoras e as finanças... O meus grandes amores!) 

É tão grande a vontade de estar e de ter, que nos vamos esquecendo de viver e de ser, quando é pelo viver e pelo ser que alcançamos a pertença. Gostamos das pessoas e as pessoas gostam de nós pelas nossas qualidades, mas confirmamos o amor mútuo nos erros que nos aceitamos.

As redes sociais e as tecnologias no geral, são uma coisa boa, permitem que o mundo saiba o que pensamos e que estejamos mais perto de todos, mas tenho para mim que devemos estar atentos ao que queremos que o mundo saiba de nós e, principalmente, que não nos distraia daquele que é o NOSSO mundo: aquele lugar real feito de gente real onde os dedos escrevem em pele de gente extraordinariamente real e que quer saber de nós.

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