terça-feira, 23 de agosto de 2016

CONFLITO DE GERAÇÕES NAS EMPRESAS



RUI CANOSSA
Pela primeira vez na história das nossas organizações, cinco gerações estão a trabalhar em conjunto no mesmo espaço de trabalho e isso pode ser um fator de conflito e gerar mais uma dor de cabeça para o gestor moderno. Quem são estas gerações? Os tradicionalistas, nascidos antes de 1946, fim da Segunda Grande Guerra; os Baby-boomers, vindos ao mundo entre 1946 e 1964; a geração X, nascida entre 1965 e 1976, na qual me incluo; os millennials, nascidos entre 1977 e 1997 e finalmente, a geração 2020, nascida depois de 1998.

Um dos principais desafios das organizações é a crescente diversidade geracional com que têm de lidar, principalmente entre as três do meio. Os Baby-boomers, os geração X e os millennials.

Os baby-boomers, resultam, como a tradução do inglês indica, aqueles que surgiram do aumento demográfico ocorrido nos países ocidentais após a Segunda Guerra Mundial e, portanto têm mais de 50 anos. Viveram numa época de repressão política em países de regimes ditatoriais e marcada pela guerra no ultramar e pela ameaça da Guerra Fria. Esta geração assistiu a acontecimentos políticos e tecnológicos revolucionários, como o percurso e assassinato de figuras históricas como J.F. Kennedy ou Martin Luther King, ao mesmo tempo que viram nascer a televisão a cores e viram o Homem pisar na Lua. São pessoas otimistas em relação ao futuro e privilegiam a mudança e a liberdade. Valorizam o status quo e o crescimento profissional. São em geral, trabalhadores incansáveis, determinados e competitivos, fiéis às entidades empregadoras. Tendencialmente, revelam-se muito exigentes com as gerações mais novas, principalmente no que diz respeito ao compromisso com o trabalho.

A geração X é aquela que está entre os 35 e os 50 anos, Esta geração viu o fim do Estado Novo e o processo de desenvolvimento e maturação da democracia. Assistiu à entrada de Portugal para as Comunidades Europeias em 1986 e viu cair o muro de Berlim em 1989. Por estes fatores são muito céticos e cautelosos, com uma confiança reduzida e baixas expectativas em relação às instituições políticas. No entanto, são resilientes e adaptam-se muito bem à mudança. São abertos à diversidade cultural, valorizam a independência e o crescimento pessoais, mas mantêm também um grande fofo na performance e no sucesso. É a primeira geração a viajar de avião de forma massificada e a considerar o lazer como parte fundamental das suas vidas. Assim sendo, gostam de informalidade no trabalho e procuram o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. São orientados para resultados e necessitam de feedback constante.

Os millennials, até 35 anos, também conhecidos por geração Y, nasceram no virar do milénio, numa época de revolução tecnológica, globalização e acesso rápido à informação, através da proliferação dos telemóveis, internet e redes sociais. Viram Portugal abrir-se ao mundo com a Expo98, o europeu de futebol em 2004. O ataque terrorista às torres gémeas do World Trade Center também lhes moldou o perfil. Têm uma grande autoestima, alimentada por uma educação protetora dos pais e das oportunidades. Viveram sempre em clima de democracia e estabilidade política. Nesse sentido, são otimistas em relação ao futuro e empenhados em mudar o mundo na sua vertente mais ecológica. Têm uma indiferença generalizada pelas hierarquias e figuras de autoridade (pais, professores, empregadores e governo). São exigentes face às suas lideranças, respeitando as competências demonstradas, e não apenas a hierarquia pela hierarquia. São extremamente informais, agitados, ansiosos, impacientes e imediatistas. Vivem com sobrecarga de informações e por isso têm dificuldade em fazer correlação de conteúdos.

Um grande desafio pois este de um gestor moderno de conciliar todas estas gerações para que o diálogo intergeracional funcione em prol do coletivo.

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