JORGE MADUREIRA |
No domingo, ao fim da tarde com um calor infernal. Passei e vi na berma da estrada um carro dos bombeiros e com uns tantos sentados no chão ali mesmo na berma. Olhei-os. Cansados, mas com o semblante de quem não terminou a sua missão.
Dentro do peito carregavam um coração enorme que pulsava imenso. Pessoas que se entregavam à causa. Lutavam com o tempo que sem piedade lhes vincava o bonito rosto de duas bombeiras. Seus olhos imponentes procuravam um pouco de descanso à sombra de uma árvore que se vergava perante a sua presença.
Guerreiros (as) que enfrentam com coragem todas as batalhas. Nunca desistem. Com coragem, enfrentam a morte de peito aberto. Enfrentam o violento crepitar das labaredas, o fumo sufocante. Esquecem-se de si a cada instante. Defendem um bem que não lhes pertence.
Estavam ali exaustos, mas com vontade de aço para continuar.
Pedi-lhes para terem cuidado no teatro de operações. Percebi que nada ouviam do meu pedido, apesar de me olharem nos olhos enquanto falava com eles.
Seus rostos eram negros como carvão. O suor escavava sulcos nos seus rostos. Escondia lágrimas de alguma desilusão e frustração. Mas nunca desistem de lutar.
Quem me conhece e me é próximo sabe o carinho e respeito que tenho pelos bombeiros.
A conversa terminou porque eles tinham que ir. Cansados, mas determinados. Alguns não iam a casa há uns dias e sem dormir uma noite. Saí dali transtornado e algo emocionado. Assim que cheguei a casa decidi fazer aquilo que gosto, que é escrever sobre o que me marca. Partilhei com quem quis ver e ler.
Transcrevo aqui o que decidi dizer naquele domingo em que o Marco parecia um inferno.
Nesta tarde escaldante, com um grande número de incêndios no Marco de canaveses as minhas palavras vão para os grandes seres humanos que são os bombeiros.
Sim, os bombeiros!
Esses enormes seres humanos que fazem um trabalho exemplar em prol das comunidades e muitas vezes mal reconhecidos.
Hoje, domingo. Muitos de nós está com a família. Almoço em família, outros na praia, outros a partirem de férias ou a gozar as mesmas. Estes homens e mulheres, bombeiros. Estão em acção e sem tempo para o pensamento na família. Se calhar almoçaram em 5 minutos, ou até nem almoçaram. Resta-lhes estar em campo a lutar com essa enorme família de bombeiros.
Não posso, não consigo esconder aqueles operacionais que perderam a vida no combate a incêndios e que as suas famílias todos dias choram as suas perdas. Para ajudar outras famílias deixaram para trás as suas.
Os bombeiros também sentem medo e aflição quando a pele queima, quando as botas queimam, quando não conseguem respirar com tanto fumo e tanto calor. Passam horas e horas em campo com fome e sede sempre a combater. Quantas vezes lhes passa pela cabeça se voltarão a ver os seus filhos, suas famílias e seus amigos. Nunca voltam as costas à luta.
Os bombeiros não precisam que os ponham num pedestal, não querem honras, não precisam que lhes atribuam o título de heróis. O que eles efectivamente precisam é que os respeitem, que a população os ajude e os incentive. Eles naturalmente de corpo e alma se entregam.
O bombeiro assim que sente o dever larga tudo. No seu espírito altruísta o bombeiro apenas quer chegar ao local o mais depressa possível. É isso que o move!
O meu tributo aos bombeiros por tudo que fazem!
Aos do Marco de Canaveses o meu muito obrigado. Agradeço as horas que roubais à família para dar aos outros!
Como diria alguém:
“ A melhor maneira de ajudar os bombeiros é não precisar deles.”
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