sábado, 6 de agosto de 2016

O POPULAR ANTISSOCIAL

DIOGO VASCONCELOS
Creio que todos nós temos um pouco do “popular antissocial”, aquele que antes de começar a comer tira uma foto ao prato, aquele que vai a um local específico para tirar uma foto para ficar para a posteridade. Enfim, vivemos num mundo globalizado, o que fazemos numa parte do globo é vista no outro, numa questão de milésimos de segundo. Não existe mal nenhum nisto, aliás a evolução tecnológica permitiu que muitas sociedades orientais se abrissem aos valores democráticos, no entanto, nós, “Ocidentais”, sempre tivemos tendência para o “too much”, é como a comida, com a loucura de seguir as tendências da moda, resumindo, levamos tudo ao limite e, quando algo é de mais, faz mal.

Quando damos por nós a fazer um “snap” de tudo o que fazemos, de tudo o que comemos, de tudo o que vimos de engraçado, estamos, no fundo, carentes de atenção. Queríamos partilhar tais momentos com determinada pessoa ou pessoas e não podemos, ou porque elas não querem ou porque a distância não o permite, mas… Temos sempre o “snapchat” que nos permite ver se aquela pessoa viu o que postamos, se viu o quanto somos “altamente” por estarmos num determinado lugar, a comer determinada coisa ou com a pessoa X. Chegamos ao ponto de sair de casa sem dizer “bom dia” aos nossos familiares e depois postar uma foto numa rede social qualquer com a descrição “bom dia”, ridículo. Depois vem a parte das pausas do trabalho ou do estudo e o que fazemos? Vimos quem nos comentou, quem pôs gosto no “insta”, quem nos começou a seguir ou quem já viu o nosso “snap”. Quando reparamos, já acabamos a nossa pausa e a pessoa que estava mesmo à nossa frente nem de um olhar nosso foi digna.

Não, algo não está bem. Aliás, algo não está nada bem. Quando deixamos de viver o momento, para mostrar aos outros o que fazemos, podemos mesmo dizer que esta sociedade bateu no fundo. Damos por nós a construir uma imagem que era aquela que queríamos ser, mas não somos, para nosso infortúnio. Mas atenção! Há quem viva disto mesmo, dos “likes” e dos comentários das redes sociais. Há mulheres (essencialmente, não querendo dizer que também não existam homens) que ganham por publicar a foto de um restaurante, de um hotel, de uma marca de roupa. São as chamadas famosas do “face” ou do “insta”. Nunca fizeram nada para ser reconhecidas, apenas aparentaram uma vida que não tinham, todavia, gostavam de a ter.

Posso até nem ser a pessoa indicada para fazer estes reparos, ou para julgar a sociedade neste tema, pois também eu, por vezes, me deixo levar pela “febre” das redes sociais.

Vamos todos tentar dar mais valor a quem está ao nosso lado, quem está connosco numa esplanada a ver o por do sol e a beber um cocktail ou até mesmo um simples “fino”. Vamos aproveitar cada minuto para dizer às pessoas que nos são importantes, o quanto gostamos delas e vamos esquecer os nossos “amigos virtuais” por um minuto, eles não são melhores amigos só porque põe gosto em tudo o que publicas ou veem tudo o que fazes no “snap”, se o fossem não estariam a ver pelo telemóvel a tua vida, fariam parte dela.

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