Em modo férias não resisti e dei uma escapadinha à magnífica cidade de Sevilha, onde estive recentemente durante 3 dias.
Dizem que Sevilha é o reflexo da essência da Espanha: arte, gastronomia, fusão de culturas, história… Uma mistura de elementos que fazem desta cidade de Andaluzia um lugar único, não só no país vizinho mas também no resto do mundo. Desde a Torre del Oro até ao Parque de Maria Luisa, passando pela imponente Catedral de Sevilha, a cidade atravessada pelo Guadalquivir não dececiona e tem um efeito parecido em todos os que a visitam: ficam com vontade de mais.
Flamenco, tapas, touradas. A Andaluzia, no sul da Espanha, orgulha-se das suas raízes, com todos os elementos clichês. É claro que a região vai muito além disso, mas é definitivamente um pedaço bem especial desse país. E a cereja no topo do bolo é a herança árabe: a Andaluzia preserva a memória da presença moura na Península Ibérica, que se estendeu do século VIII ao XV.
Vista parorãmica do Metropol Parasol no centro de Sevilha.
Um dos lugares mais charmosos e importantes de Sevilha, o Bairro Triana, é conhecido como “a alma de Sevilha”. Paragem obrigatória! Mesmo ao lado o principal rio da cidade o Guadalquivir.
Para chegar ao bairro Triana basta atravessar a ponte “San Telmo” e descer logo em seguida. Alí começará a caminhada por este bairro incrível.
A Calle Betis fica no bairro de Triana, região tradicional de onde saíram muitos cantadores de flamenco e toureiros famosos. A sugestão é: caminhar e olhar. Simplesmente! Vá caminhando, entre becos, pátios, lojinhas e casas com portas abertas que tradicionalmente servem tapas. Não deixe de incluir uma pequena paragem no Mercado de Triana, aí poderá refrescar-se com uma típica cerveja espanhola e deliciar-se com um dos melhores presuntos do mundo “jamón ibérico”.
Deixemos as tapas e os pensamentos etílicos de lado e voltando à parte histórica, outra construção emblemática é a Torre Del Oro, construída no começo do século XIII pelos Almóadas (dinastia árabe) como torre de vigilância, para evitar possíveis invasões pelo rio Guadalquivir, que atravessa a cidade. Hoje em dia ela aloja o Museu Naval, onde poderá encontrar a história de Sevilha enquanto porto fluvial: na época das grandes navegações os barcos chegavam a Sevilha carregados de tesouros vindos do “Novo Mundo” que eram descarregados junto à Torre.
Mesmo que não queira conhecer o museu, o passeio pelas margens do Guadalquivir, passando pela Torre Del Oro, é imperdível.
Ponte de Triana e Torre Del Oro.
As águas do rio Guadalquivir banham Sevilha e fazem desta parte da cidade um dos cartões postais mais lindos.
Uma dica é percorrer todo o Paseo de Cristóbal Colón, que vai desde a esquina com a ponte Isabel II até à ponte de San Telmo.
Poderá ainda optar por um cruzeiro no rio. O passeio é incrível, recomendo realizá-lo ao final da tarde para poder apreciar o entardecer. Dura cerca de uma hora e percorre praticamente todos os pontos turísticos de Sevilha mas por água.
Rio Guadalquivir – Sevilha.
Relativamente perto da Puente Triana encontrará uma das mais famosas e antigas praças de touros do mundo: a Plaza de Toros de La Real Maestranza. A cada 30 minutos existem visitas guiadas em inglês e espanhol com acesso à arena e ao Museu Taurino onde poderão conhecer a história da atividade das touradas na região. As touradas realizam-se, geralmente aos domingos entre abril e outubro mas aconselho previamente a consulta de datas.
Um dos monumentos mais emblemáticos de Sevilha é a Giralda, a torre da Catedral de Sevilha. A Catedral é o maior templo da Espanha e o terceiro maior templo cristão, só superado em extensão pelaBasilica di San Pietro, em Roma, e pela St Paul’s Cathedral, em Londres.
A Catedral de Sevilha com a Torre La Giralda.
É magnífica, em especial pelo seu exterior, no interior encontrará: o Pátio de los Naranjos, com as típicas laranjeiras da região (fiquei a saber que durante o inverno em Sevilha, a maioria das árvores existentes são laranjeiras e o cheiro das laranjeiras espalha-se pelas ruas da cidade), e a própria torre, que com alguma disposição (ou muita!) pode ser subida (sem custo adicional) e fazem enriquecer a visita. Ir até o topo da Giralda equivale a ir ao topo de outros monumentos, como a Notre-Dame em Paris: chegará ao fim tão ofegante pela subida da torre quanto pela bela vista da cidade.
Ao lado da Catedral, fica um dos pontos que mais exemplificam a influência árabe na cidade: o Real Alcázar, composto por um conjunto de construções, desde o mais primitivo alcázar árabe até às posteriores ampliações com pátios e palácios realizadas por sucessivos monarcas. Eles apresentam as marcas da arquitetura árabe, repleta de detalhes incríveis de várias épocas. Atualmente serve de alojamento para a família Real ou para a visita de personalidades. O Alcazar foi declarado Património da Humanidade pela Unesco pela sua tamanha riqueza e imponência.
Real Alcázar - Sevilha.
Também nessa região, perto da fofa Avenida de La Constitución (onde fica a Catedral), na Plaza Cristo de Burgos, está a Taberna Coloniales, um restaurante tradicional com preços razoáveis, onde dá pra se empanturrar no almoço ou no jantar pedindo diferentes tapas, de pratos como solomillo al roquefort e papas bravas (a salsa brava, um molho de tomate levemente picante, é bem tradicional e delicioso).
Falando novamente em comida, um lugar muito popular, principalmente entre os jovens, é a Cervecería 100 Montaditos, uma cervejaria que serve uma grande variedade de montaditos, pequenas sanduíches com diferentes recheios, acompanhados de batatas fritas. Há várias 100 Montaditos pela cidade, mas entre as mais conhecidas estão a que fica na Av. de la Constitución, bem pertinho da Catedral, e a da Calle San Fernando, nº 29, juntinho do Rectorado da Universidad de Sevilla (edifício magnífico, por sinal!).
Outro bairro muito tradicional é Santa Cruz. O bairro judeu é muito antigo, cheio de ruelas estreitas com casas branquinhas que ostentam pequenas varandas floridas. É bem a imagem que muitos têm de Sevilha, e é realmente encantador. É fácil se perder andando por esse bairro, mas quem se importa? Sempre chegamos a uma pequena e simpática praça, ou a um charmoso bar de tapas. E aí é só aproveitar!
Bairro de Santa Cruz – Sangria.
Almoce numa mesinha nas estreitas calçadas ou nos charmosos casarões espalhados por qualquer lugar do bairro. Se for no fim da tarde relaxe com uma boa sangria para espantar o calor do verão europeu.
Falando em Santa Cruz, vale a pena lembrar que em várias partes da cidade há apresentações de flamenco, mas uma dos mais populares e com entrada gratuita, é La Carbonería, que fica na calle Levíes, em Santa Cruz. O lugar é bem tradicional, mas frequentado na sua maioria por turistas. No espaço, um velho armazém de carvão, várias mesas com bancos compridos ficam dispostas em frente a um palco, onde dançarinos, guitarristas e cantores dão, literalmente som à cidade. A música e a dança flamencas são emocionantes.
Plaza de España – Sevilha.
Outro ponto imperdível é a Plaza de España, é a cara de Sevilha. Impressionante projeto arquitetónico.Uma praça gigantesca com fontes, um palácio imponente, chafariz, milhares de azulejos clássicos da região e pequenas pontes. É de encher os olhos. Construído para a Exposição Ibero-Americana de 1929 – ainda que, à primeira vista, se possa achar que se trata de uma edificação mais antiga. A arquitetura do lugar é impressionante. Tanto que alguns filmes já foram gravados aqui – entre eles cenas do Missão Impossível e do clássico Guerra nas Estrelas.
Hoje em dia, alberga os órgãos da burocracia governamental, como a Extranjería. A Plaza de España é aberta ao público e fica praticamente dentro do Parque de Maria Luisa, um parque muito bonito onde é possível fazer um piquenique, alugar uma bicicleta ou visitar um dos museus.
Quem gosta de compras não poderá deixar de ir à Calle Sierpes, que é praticamente uma continuação da Av. de La Constitución, e outras ruas ao redor, como a Velázquez e a Tetuán. Nestas ruas poderá encontrar lojas de roupa, perfumes, acessórios e sapatarias de marcas conceituadas, como H & M, Zara, C & A, Six, Blanco e Mango.
Uma coisa curiosa (e inteligente!) é que no verão, colocam nas ruas umas espécies de toldes, para proteger as transeuntes do sol escaldante (afinal, o termômetro passa dos 40 graus com frequência nos meses mais quentes).
À noite, além dos bares na Calle Betis, tem também muita agitação na Plaza Alfalfa, na Alameda de Hércules e na rua San Eloy, onde fica o Pátio San Eloy, um bar de tapas bem informal. Têm uma excelente seleção de montaditos. Experimente o de pringá, que é bem típico e delicioso!
Se for visitar Sevilha durante o verão não pode deixar de visitar um dos parques mais bonitos da Espanha. O parque de Maria Luisa. Uma atração imperdível. Dentro do parque encontra pequenos palácios, jardins que parecem cenários de um filme. Alugue uma charrete e permita-se a um passeio pela cidade!
Parque de Maria Luisa – Sevilha.
Não é difícil ficar completamente rendido aos encantos da cidade de Sevilha e aos seus numerosos monumentos e bairros típicos são completamente encantadores. Mas nem sempre as viagens fazem-se de momentos culturais e depois de termos mergulhado na alma sevilhana um dia deve ficar reservado mesmo para a diversão. A Isla Mágica é um parque temático bem pertinho do centro da cidade. O Parque foi construído em 1997 na Isla de la Cartuja nas antigas instalações da famosa Expo 92 dando vida a um dos locais mais bonitos da cidade que ficara praticamente abandonado quando a famosa exposição fechou portas. A Isla é um parque com direito a tudo o que um parque de diversões tem direito e o único do género mais perto de Portugal (mais um ponto negativo para o turismo português) e reserva um dia cheio de diversão para miúdos e graúdos. Estar num parque temático é dar espaço para sair a criança que há dentro de nós adultos e permitir que nos possamos divertir independente do olhar alheio. No verão, o parque abre às 11h00 da manhã e encerra às 23h00 e o bilhete tem o custo de 28 €. Para encerrar o dia no lago central do parque são apresentados dois espetáculos, o primeiro de flamenco com cavalos muito bom e emocionante que encaixa em todo o ambiente do parque e da cidade. Para finalizar a noite um outro com jatos de água, luzes e pirotecnia a quem cabe o encerramento do dia.
E não se esqueça! Se no meio do caminho você encontrar algum barbeiro (e vai encontrar), pare e faça uma foto! Fííííííííííígaroooooooooo!
CRÓNICA DE CARLA AFONSO |
Como ir?
Sevilha dispõe de aeroporto, mas para duas ou mais pessoas fica mais em conta a viagem de carro, são cerca de 450km a partir de Lisboa, que se fazem relativamente rápido visto ser sempre por auto-estrada. Se estiver mais a Sul de Portugal, ainda é mais rápido, para quem está no Norte poderá compensar o avião.
Curiosidades
Sevilha é a quarta maior cidade de Espanha e a principal da Andalúzia. É conhecida mundialmente pelo seu Flamenco, as castanholas e as touradas. É uma cidade limpa e cheia de vida nas ruas do centro histórico e nas margens do rio Rio Guadalquivir ao final do dia.
Como é uma cidade plana, pode visitar-se facilmente a pé. Mesmo que tenham crianças, não será muito cansativo, mas como os pontos de interesse distam um pouco entre si, convém levar calçado confortável.
O clima no verão é bastante quente, as temperaturas rondam os 40 graus por isso levem peças de roupa leves e frescas. E não se esqueçam de adiantar o relógio uma hora para andar ao ritmo da cidade (afinal estamos noutro país!).
A visita completa aos principais pontos de interesse completa-se em 3 dias.
Onde ficar
A cidade tem uma oferta bastante variada de alojamento, mas não precisam de procurar muito. O Hotel Ribera de Triana, pode ser uma escolha acertada. Fica situado no Bairro de Triana nas margens do Rio Guadalquivir, a cerca de 15 minutos a pé do centro histórico, mas são 15 minutos em que podemos disfrutar das ruas pitorescas e do ambiente descontraído da cidade. Fica também a 5 minutos da Isla Mágica de carro ou a cerca de 25 minutos a pé pelo recinto da Expo92.
Boa viagem!
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