terça-feira, 16 de agosto de 2016

A MULTIPLICAÇÃO DE HORTÍCOLAS (II PARTE)

JOÃO PAULO PACHECO
Certificação de sementes

As sementes certificadas são produzidas por empresas e organismos especializados e autorizados para o efeito. Para receber a certificação oficial, as sementes devem ser conformes à variedade, possuir uma boa pureza específica e uma faculdade germinativa elevada. São também referidas outras características como sendo resistência a doenças e pragas, isenção de viroses e resistência às mesmas, tipo de desenvolvimento (emissão de “ladrões”, etc). Quando se adquire uma semente certificada sabe-se que se vai pagar bem por um produto de qualidades garantidas; é como se de um seguro se tratasse, já que, no caso de haver qualquer problema com as sementes a empresa que as produz e comercializa terá que responder perante o produtor que se julgue defraudado. Não podemos esquecer que nos nossos dias as sementes certificadas são dos produtos mais bem pagos à superfície da Terra. Tomemos o exemplo das sementes de tomate: um grama poderá conter de 500 a 800 sementes e cada uma poderá custar cerca de 7 ou 9 cêntimos. Daqui se conclui que um grama poderá custar qualquer coisa como 35 ou 70 euros! É um valor superior ao do ouro, pelo que o agricultor deve ser exigente e fazer-se valer dos seus direitos sempre que surjam problemas atribuíveis à má qualidade das sementes certificadas.

Tratamentos e operações diversas efectuadas sobre as sementes

Quebra da dormência

Antes de se proceder às sementeiras, sobretudo de grandes quantidades e de elevado custo, devemos promover a quebra da dormência das sementes. Para isso devemos deixá-las de um dia para o outro em local refrigerado, entre os 2ºC e os 8ºC. Desta forma teremos uma mais rápida e homogénea germinação de todo o conjunto, o que permitirá o seu futuro transplante ao mesmo tempo e nas mesmas condições de desenvolvimento. 

Imbibição

A imbibição das sementes em água fria ou tépida facilita, activa e regulariza a germinação. A sua duração varia de 12 a 48 horas. Em alguns casos, sobretudo em grandes sementes muito lenhosas, a água poderá ter de ser aquecida a temperaturas que poderão ir até aos 50ºC. Quando se efectua a sementeira mecânica poderá ser necessário proceder à secagem das sementes após esta operação.

Pré germinação

Pouco utilizada em horticultura esta técnica facilita claramente o êxito da sementeira, especialmente para as espécies de germinação lenta, e confere um ganho de tempo. Consiste em misturar as sementes a um substrato humedecido e manter as temperaturas elevadas. A sementeira deverá efectuar-se quando a radícula atravessar o tegumento da semente.

Acelerando a germinação diminuem-se os riscos de ataques de fungos e bactérias e de secura, no caso de sementeiras directas. O bom estado sanitário das plântulas em viveiro permite efectuar o seu transplante num estado mais desenvolvido para o local definitivo evitando riscos de geadas.

Sementes peletizadas

Consiste em envolver as sementes numa substância inerte e higroscópica, que aumentará o seu volume e regularizará a sua dimensão. Isto confere ao lote de sementes uma grande regularidade na sua forma e tamanho que é ideal para processos de sementeira mecanizada.

A substância envolvente poderá não ser completamente inerte, podendo conter pesticidas e/ou fertilizantes; este invólucro terá de ser uma substância com elevado grau de higroscopicidade e solubilidade em água.

Viveiro de produção de plântulas de hortícolas (Estela, Póvoa de Varzim)

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