terça-feira, 30 de agosto de 2016

CONDIÇÕES DE ÊXITO DA SEMENTEIRA

JOÃO PAULO PACHECO
O êxito de uma sementeira depende de três grupos de factores ligados à própria semente, ao meio e às práticas utilizadas.

As sementes não deverão estar ainda em letargia, devem estar sãs, ser jovens, puras e possuir um bom valor de cultivo (faculdade germinativa e pureza específica).

No respeitante ao meio teremos que ter o substrato indicado (deve ter grande capacidade de retenção de água e volume constante independentemente do seu grau de humidade), a temperatura próxima do óptimo germinativo e a humidade ideal. No que concerne à temperatura deveremos distinguir a do solo e a do ar. A humidade relativa do ar também é um factor com interesse, devendo ser sempre elevada mas inferior à saturação o que poderia acarretar problemas fitossanitários. A humidade do substrato também deverá ser elevada sem contudo ser exagerada o que poderia acarretar problemas de asfixia radicular e desenvolvimento de microorganismos indesejáveis. A luz poderá ser importante, embora na maioria das espécies a germinação da semente não careça de qualquer valor em especial. Após a germinação convém manter bons níveis de iluminação para evitar o estiolamento das jovens plantas.

No que respeita às condições práticas, temos que ter em conta o tipo de sementeira, a profundidade de colocação das sementes e a granulometria do substrato. As regas deverão ser de pouca dotação e muito frequentes, por aspersão ou nebulização, por forma a manter as condições de humidade tão constantes quanto possível. Por vezes utilizam-se fungicidas na água de rega o que permite uma maior garantia de êxito, devendo existir um grande cuidado na escolha do produto já que alguns fungicidas podem ser inibidores da germinação. No tocante à profundidade da sementeira poderemos ter como regra geral que a profundidade deverá ser de cerca de três a quatro vezes o diâmetro da semente, com algumas excepções.

Na moderna horticultura é comum entregar a preparação das plantas, desde a sua sementeira até ao momento adequado ao transplante, a empresas especializadas, pois não é barato criar as condições ideais para esse efeito, sendo compensador ter um viveirista especializado e da nossa inteira confiança a quem entregamos esse serviço, diminuindo assim os riscos de perdas, tendo a garantia que as plântulas nos são entregues no momento exacto em que as pretendemos e nas condições ideais de homogeneidade e qualidade, sendo o nosso fornecedor responsável para que as coisas corram da forma que desejamos. Por outro lado, isto permite ao horticultor ter menos um problema complicado em que pensar. As sementes poderão ser adquiridas pelo próprio e entregues ao viveirista para produzir as plantas ou, caso mais comum, fornecidas pelo próprio viveirista que, fruto das quantidades com que trabalha, consegue preços unitários mais baixos. A primeira situação poderá ser mais utilizada quando tratamos de sementes regionais, não fornecidas por grandes empresas e com características regionais bem marcadas.

Nota muito importante: Se utilizarmos plantas híbridas, como são a maioria das sementes certificadas à venda no mercado profissional, nunca deveremos aproveitar as sementes por elas produzidas para multiplicação, pois iremos “escangalhar” todo o emparelhamento genético do híbrido, obtendo uma descendência completamente heterogénea e de características agronómicas maioritariamente indesejáveis.


Transplante de alface preparada em viveiro especializado (Navais, Póvoa de Varzim)


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