quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O PERIGO ESPREITA A VELHICE

MARIA AMORIM 
Talvez por ser um grupo etário com algumas particularidades, que nem sempre são tidas em conta por uma sociedade que não valoriza e respeita os seus velhos, posso fazer este tipo de afirmação, até porque como enfermeira de Urgência, todos os dias me deparo com uma ou outra situação que poderia ter sido evitada, se de uma ou outra forma tivesse sido acautelada.

O envelhecimento é inevitável, se a vida se desenrolar no seu percurso normal, e, eu pessoalmente considero que envelhecer é um privilégio que, vezes demais, é negado a muitos. Cabe-nos a nós, cuidadores formais e infomais, velar para que esses perigos sejam minimizados, tomando todas as previdências para que sejam evitados.

Numa sociedade como a nossa, em que cada vez há mais idosos, torna-se necessária uma maior sensibilidade para lidar com o envelhecimento, para que este seja o mais ativo possível, tornando a vida da pessoa idosa mais segura e feliz. Todos temos a noção de que as modificações que surgem com o decorrer da idade geram uma certa insegurança nos idosos e, as perdas no domínio físico e psiquico fazem com que algumas situações normais da vida adulta se tornem perigosas com a velhice. Por vezes, o idoso não consegue fazer face a situações corriqueiras, o que pode gerar sentimentos de insegurança por se sentir em perigo. O seu estado de maior fraqueza, pode levar outros a exercer sobre ele uma certa agressividade física ou psíquica, tendo os casos mais correntes de agressividade a ver com AGRESSÃO PASSIVA, que concerne sobretudo os casos em que os idosos são deixados sem cuidados e sem socorro, casos estes que deveriam ser evitados numa sociedade justa e solidária, a AGRESSÃO ATIVA tem a ver com os casos em que a vilolência é exercida diretamente e intencionalmente, mesmo que seja só em situações como empurar um idoso nos transportes públicos, em vez de lhe ceder a passagem.

A negligência e o desinteresse em relação ao Idoso são tão nocivos como os atos violentos, e, de cada vez que uma pessoa idoso exprime o seu medo ou pede ajuda, é porque se sente ameaçada, e precisa qu a façam sentir segura. QUAIS SÃO OS PERIGOS MAIORES PARA OS IDOSOS?

O AMBIENTE

Por incrível que pareça, o ambiente circundante do idoso, tanto pode ser um ambiente que lhe oferece segurança como pode ser um ambiente semeado de perigos por estar cheio de barreiras, para ele difíceis de contornar, tais como locais de passagem cheios de material que os transformam verdadeiras armadilhas, a falta de iluminação adequada contribui para que as deslocações sejam uma verdadeira aventura, assim como solos escorregadios, e mobiliários instáveis, podem ser um perigo quando o idoso procuara apoio, devendo ser suprimidos. OS ACIDENTES OU RISCOS POTENCIAIS

AS QUEDAS – Existem vários fatores que contribuem para o aumento de risco de quedas no idoso, sobretudo quando este tem problemas de equilibrio, de fraqueza muscular, ou ainda a acuidade visual diminuida levando a uma maior dificuldade nas deslocações. Alguns idosos ficam mais agitados de noite, correndo risco de cair da cama, e colocar grades poderá ser uma solução, no entanto, em alguns casos poderá ser um risco acrescido, quando o idoso se sente fechado e tenta passar as grades, tornando a queda mais grave.

O EXESSO DE MEDICAÇÃO – existem muitos erros ligados à toma de medicação, a alteração da memória leva, por vezes, a que a pessoa idosa toma a medicação a dobrar, ou então toma mais do que deve por pensar que assim fica boa mais depressa, ou troca os medicamentos, existem algumas medidas que podem evitar estes erros, tais como caixas próprias que permitem colocar a medicação certa para tomar, evitando assim comportamentos de risco. OUTRAS CAUSAS, ligadas à perda de sensibilidade, que faz com deixe de reagir às agressões físicas, correndo o risco de se ferir ou queimar. A confusão mental é outra causa frequente de aumento de risco, a capacidade de julgamento e a perda de memória diminuem a capacidade de reação perante o perigo assim como as depressões e as tendências suicidas, muitas vezes presentes em alguns idosos.

RISCOS PELO COMPORTAMENTO DOS OUTROS 

A violência, que leva à violação dos direitos do Idoso, pode ser exercida de diversas formas, por atos físicos, por pressão psicológica ou abusos materiais. Podemos reconhecer em algumas situações, como é fácil e corrente o abuso sobre os idosos. No plano físico, esquecer a pessoa e deixa-la só quando ela precisa de alguém para se locomover, não responder ao seus chamados, AMARRA-LA porque pensamos que não há tempo para tratar dela, sendo sempre mais fácil pensar que é para sua segurança, priva-la de alimentação, quando se retira o prato porque ela não comeu, sem preocupação do motivo que a leva a não comer, não lhe dar de beber, dar-lhe de comer à força, empurrá-la porque é lenta, com gestos bruscos. E, tantos outros exemplos que ilustram bem o pouco respeito que muitas vezes é demonstrado para com o idoso. No plano relational, são ainda mais os exemplos que podemos dar e infelizmente são muitos, desde a humilhação, o insulto, o ridicularizar o idoso...Podemos ainda falar sobre ameaças para obter do idoso obediência ou qualquer cedência a um pedido, o acusá-lo de ser um estorvo, decidir por ele o que deve vestir, quando ele ainda pode decidir por si próprio, infantilizá-lo, fazendo-o perder a sua dignidade e a sua identidade, falando com ele como a um bébé, enganá-lo, dar-lhe falsasa informações, roubar-lhe o seu dinheiro ou fazer-lhe pagar a mais por serviços prestados, são tantos exemplos que podemos dar sobre riscos que o pessoa corre quando envelhece. 

A HOSPITALIZAÇÃO OU A MUDANÇA DE DOMICILIO

Este é um dos grandes riscos que o idoso corre, pois o deixar os seus lugares de conforto, a mudança de ambiente causam-lhe inquietude e temor, seja pela situação de doença, seja porque perdeu o seu habitat familiar, com tudo o que lhe é querido, fica sem pontos de referência, cheia de temor , fica mais agitada, podendo tornar-se hostil, com atos desordenados e incontrolados que podem por a sua integridade em causa, nestas situações torna-se ainda mais premente que quem cuida esteja atento e tenha a sensibilidade e a formação necessária para agir com delicadeza, confortando a pessoa em causa e transmitindo segurança, ensinando-lhe a situar-se e a ter novos pontos de referência. QUEM CUIDA DE IDOSOS TEM DE TER ALGUMAS PARTICULARIDADES, nem toda a gente tem perfil para cuidar, muito menos para cuidar de idosos, é preciso sensibilidade, bom senso e conhecimentos, para poder transformar o ambiente físico num ambiente seguro, ensinado ao idoso as medidas que vão contribuir para que não corra riscos, e sobretudo deve ter sempre em mente O RESPEITO PELOS DIREITOS DA PESSOA NA SUA DIGNIDADE, rejeitar todos os atos de violência.

O cuidador deve ao idoso ajudá-lo a viver em segurança, reconhecendo as suas dificuldades e os riscos que corre, sendo as suas ações direcionadas para o PROTEGER DOS PERIGOS, SEJAM LÁ ELES QUAIS FOREM.

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