JOÃO MARTINS |
As notícias sobre assaltos e crimes perpetrados por jovens ainda em idade menor não são um assunto novo. Desde sempre a criminalidade (ou delinquência) juvenil foi um factor relevante da nossa sociedade e nela devemos por um lado intervir, mas por outro refletir sobre o que se está realmente a passar.
Da mesma maneira que antes da doença ser diagnosticada convém estar atento aos sintomas, a delinquência juvenil é, em certos casos, um sintoma muito relevante de uma sociedade que não está a tomar demasiada atenção às futuras gerações.
A adolescência é uma fase de crescimento (física e mental) muito premente e as crises de valores são muito relevantes também. É aqui que o adolescente se tenta adaptar à sociedade e crescer a partir dessa adaptação. Consequência disso, o seu grupo de pares ganha preponderância, muitas vezes se sobrepondo às figuras parentais.
Assim, a criminalidade juvenil pode surgir dessas “más companhias” mas pode também surgir de centenas de outros milhares de factores - um adolescente com baixa auto-estima pode praticar actos delinquentes já que terá uma menor capacidade de resistir aos apelos dos pares do que alguém com uma auto-estima forte e estruturada (por exemplo). Facto é que a criminalidade juvenil não é única nas classes desfavorecidas. Se por um lado um meio desfavorecido pode potenciar o aparecimento de actos delinquentes (pela falta de recursos, menos tempo disponível dos pais ou restantes familiares, maior contacto com o crime, etc), por outro existem inúmeros casos de adolescentes de famílias abastadas que praticam actos criminosos (e que muitas vezes não chegam aos jornais).
De facto a criminalidade juvenil é um sinal muito relevante de que a nossa sociedade precisa de mudar - mudar em termos de valores, em competências parentais, em oportunidades e acima de tudo motivação para que as nossas crianças e jovens vejam uma maior vantagem em seguir as leis do que a quebrá-las.
É preciso que as crianças e jovens adquiram competências que lhes permitam resistir às provocações do grupo de pares, muitas vezes com mão de ferro e assim tenham um carácter bem-desenvolvido quando o “pedido” chegar. A empatia é uma ferramenta muito importante já que se o adolescente compreende que com aquela acção irá magoar o outro, provavelmente não o fará com tanta convicção. “não faças aos outros o que gostassem que te fizessem a ti”
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