sábado, 3 de setembro de 2016

AS VIRTUDES DA MEDICINA

ANTONIETA DIAS
Não existe medicina científica sem humanidade. A medicina é uma ciência humana, caraterizada por sete virtudes (confiabilidade, compaixão, prudência, justiça, fortitude: coragem moral, temperança, integridade e dignidade.

Virtude (do latim: virtus), não é só aptidão mas revela sobretudo ação, mais propriamente determina a praticar uma boa ação, a praticar o bem.

Aristóteles define-a como uma disposição adquirida para praticar o bem, que se aperfeiçoa com o hábito. 

Não existe boa relação médico doente se não existir confiança entre as duas partis este pacto é condição sine quo non para exercer a medicina.

O médico envolve-se e sofre com o doente e só descansa quando encontra a resposta terapêutica para o que o desfecho seja favorável.

Terá que ser prudente nas suas prescrições, nas suas atitudes terapêuticas, terá que ser justo e perfeito desenvolvendo o seu trabalho de acordo com a leges artis.

Tem que ser suficientemente forte para lidar com os problemas que se deparam no dia-a-dia e para responder a todos os desafios sem se deixar abalar, sem ceder ao que considera determinante e absolutamente necessário para que os seus pacientes não corram riscos e cuidar os seus doentes com qualidade colocando ao seu serviço todos os meios disponíveis para os tratar sem vacilar perante as pressões estatais, institucionais ou sociais e combater a cobardia moral para poder responder adequadamente ao que o seu doente precisa, sem desesperar nem perder a compostura perante as adversidades vivenciadas no dia-a-dia.

Tem que ser íntegro e digno na sua missão e dedicação profissional. 

Os nossos sentidos não devem ser considerados como absolutos. A Vista, a Audição, são dois órgãos corporais que se encontram reunidos na nossa mente e estão ao serviço desta nobre profissão que exige cada vez mais dedicação do médico e um comportamento humano exemplar.

A prática da medicina obriga a um exercício permanente do raciocínio clinico cuja disciplina intelectual é colocada à prova em todos os atos médicos que se praticam.

Não se pode desviar o olhar, poluir a visão, nem fechar as orelhas para não escutar as palavras sábias dos pacientes que relatam a sua história clinica, com o olfato fazemos a distinção entre os perfumes que purificam e os que degradam.

Os nossos gestos determinam os gostos que os honram e permitem ignorar os que nos degradam, cujos pilares se alojam na virtude, nos dons naturais e nas faculdades humanas, sendo não pode falta em caso algum a moral, o intelectual, o espiritual e a harmonia.

O médico tem de se caracterizar pela nobreza dos seus atos que determinam a delicadeza e a beleza dos seus procedimentos médicos.

O médico tem de ser um homem instruído e não um ignorante obrigando-se a conhecer profundamente o significado de tudo o que executa.

A “Gnose” é uma palavra grega que significa “conhecimento”, e ele que determina o nosso pensamento que tutela a filosofia de excelência e que desenvolve a ciência, que nos permite evitar os erros e os prejuízos, resultantes da ignorância absoluta.

“Sócrates foi o pai da ciência moral. Não hesitou em mostrar aos homens o aspeto ridículo dos maus exemplos, o caráter infantil dos cultos pagãos da sua época, foi condenado à morte e teve que beber cianeto, o que fez a sorrir, mostrando assim que o homem de bem, cuja consciência está em paz não teme a morte, sendo que a sua filosofia repousa sobre o conhecimento de si próprio.

Não podemos ter leis sem sabedoria, sem amor à pátria, sem investirem na transformação dos costumes, de forma a formar cidadãos corajosos e respeitadores na Nação. 

Em suma sem inteligência, sem responsabilidade, sem zelo, sem respeito, sem competência, sem conhecimento científico, não se pode desenvolver um trabalho digno.

Importa ainda referir que o médico para exercer a sua atividade tem de ser livre, tem que escolher a semente que vai semear, respeitar os deveres que a liberdade lhe impõe, para vivera em sociedade, sendo que o grande segredo é trabalhar sem desordem, fazer uso de todos os instrumentos que tem ao seu dispor para cuidar bem o seu doente não podendo prejudica-lo muito menos privá-lo de um tratamento que lhe seja vital.

Só com o aperfeiçoamento da sociedade, implementando políticas sérias baseadas na ciência médica, investindo na moral e espiritualidade da humana é que se consegue obter os níveis de excelência que se preconizam-

A ciência está ligada a uma virtude, cada virtude é ligada a um dom, cada dom é procedente de uma faculdade, cada faculdade pode ser desenvolvida por uma ciência, mas nada disto se consegue se não houver humanidade.

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