quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ALOPECIA, CABELOS POR UM FIO

VERA PINTO
Considerado um dos principais símbolos de beleza e sensualidade, o cabelo desempenha uma função estética fundamental e reveste-se de extrema importância social. Cortar o cabelo é muitas vezes encarado como sinal de mudança, como meio de expressão e permite em alguns casos definir estilos de vida ou traços da personalidade.

O cabelo faz parte do sistema tegumentar e funciona como isolante térmico, protegendo a cabeça das radiações solares e da abrasão mecânica. Existem também muitas doenças que alteram a estrutura do cabelo, pelo que nestes casos, o cabelo serve como indicador de patologias.

Cada cabelo é um órgão que apresenta um funcionamento independente, com uma estrutura biológica que apesar de complexa se encontra muito bem organizada. Trata-se do único órgão que se renova ciclicamente, a partir de células mãe. Cada cabelo apresenta um metabolismo próprio e independente que se caracteriza por ciclos de crescimento e de queda. Anatomicamente diferencia-se entre estrutura interna viva, onde decorre toda a sua atividade, e estrutura externa constituída por células mortas visíveis. Contrariando a maioria das opiniões, o cabelo apresenta uma estrutura muito resistente, sendo um só fio capaz de suportar um peso de 100g. Os cerca de 100 000 folículos capilares que cobrem a cabeça são uma fração dos 5 milhões de pêlos espalhados pelo seu corpo. O seu número depende do diâmetro e cor do mesmo, assim como da origem genética, da idade e dos diferentes tipos de problemas que podemos encontrar, entre os quais o mais importante é a queda. Perdemos entre 50-100 cabelos por dia de forma natural. Começamos a falar de queda ou alopecia a partir da perda de mais de 100 fios por dia, durante várias semanas. Neta altura do ano, este problema intensifica-se por variadíssimos motivos. “Não aguento mais, são cabelos por todo o lado!”, “até o ralo da banheira entope”, “já consigo ver o couro cabeludo” são exemplos de comentários desesperados de pessoas que sofrem de queda de cabelo e buscam cheios de esperança um tratamento milagroso. A questão é que combater o problema “às cegas”, além de cansativo e muito frustrante, é muito pouco eficiente. Como qualquer outra patologia, a cura só se torna possível se identificarmos a causa. São inúmeros os fatores responsáveis pela queda do cabelo, daí a necessidade de uma complexa investigação ao historial de cada pessoa, afim de instituir um tratamento que revele resultados positivos.

Dietas rígidas por conduzirem a alterações no aporte de vitaminas (sobretudo as do complexo B, A ou C), hidratos de carbono, proteínas ou minerais (como o zinco ou o ferro) podem ser responsáveis por uma queda mais acentuada. Numa situação de privação as vitaminas e nutrientes são canalizadas para orgãos vitais, o que resulta numa nutrição deficiente da raiz do cabelo. 

Problemas hormonais com origem em glândulas endócrinas, como a tiróide, a supra-renal e hipófise, desregulam o organismo e, muitas vezes, impedem a chegada dos nutrientes à fibra capilar.

O stress aumenta o consumo de energia e pode afetar a produção de cabelo, uma vez que os nutrientes estão a ser consumidos para a produção de energia. Para além disso, o cortisol, hormona em excesso numa situação de stress, reduz a divisão celular na raiz do cabelo.

Os fatores hereditários afetam particularmente o sexo masculino. A perda irreparável dos cabelos é mais comum entre os homens, porque as hormonas masculinas enfraquecem os cabelos e provocam uma queda acentuada (cientificamente conhecida como alopécia androgenética e designada de “calvice” ou “entradas” pelo senso comum). No entanto, atenção mulheres, porque mesmo sendo mais raros estes fatores também influenciam o sexo feminino.

Anti-hipertensivos, antibióticos e anabolizantes fragilizam o cabelo. Mas são os antidepressivos os mais agressivos para a saúde capilar. Eles atuam diretamente no sistema nervoso e na divisão celular, facto que leva à quebra do ciclo normal de vida do cabelo, tornando-o mais sensível e predisposto à queda.

Após o parto o organismo entra em fase de “reajustamento” hormonal, uma vez que, durante a gravidez, a mulher tem uma grande quantidade de estrogénio e progesterona que estimulam o crescimento da fibra capilar. Assim que o nível hormonal volta ao normal, e as hormonas masculinas voltam a existir em maior quantidade, torna-se evidente a queda de cabelo; outro fator agravante é a amamentação — período em que a mãe dispõe de muitos nutrientes para o lactente através do leite.

Para além do aparecimento dos temíveis cabelos brancos, o avançar da idade também é sinónimo de queda capilar. Isto acontece porque a partir dos 50 anos o couro cabeludo fica menos espesso, os cabelos também ficam mais finos e acabam por cair.

A falta de cuidado bem como o desgaste causado pelo uso excessivo e/ou inapropriado de produtos químicos também contribuem para um aumento da perda de folículos. Tinturas de má qualidade, tração dos fios (como em sessões de alisamento), pressão provocada por penteados que puxam o cabelo para traz, acumulação resíduos de cremes no couro cabeludo, exposição excessiva aos raios ultravioleta, uso de secadores e escovagem brusca provocam alterações na disposição das cutículas e consequentemente, na estrutura dos folículos e couro cabeludo, deixando-os danificados.

70% da população queixa-se de queda de cabelo durante os meses do Outono. Não se trata de um mito ou falsa percepção das pessoas. O que acontece é que há uma aceleração no metabolismo e um desgaste vitamínico e proteico maior que não é compensado em termos alimentares, por este motivo, o bolbo capilar fica com carência vitamínica, o mesmo acontece com a pele e com as unhas.



Seja o stress, uma dieta desequilibrada ou as alterações hormonais as responsáveis por esta perda, a verdade é que, não há ninguém que lhe fique indiferente. Ter um cabelo bonito e saudável continua a ser um fator importante para a nossa autoestima. A queda de cabelos pode causar sérias consequências emocionais – tanto para homens como para mulheres, daí ser um problema que não pode ser desvalorizado.

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