CHEFE ELISEU (esq.) e António Reis (cronista) |
Continuando por terras transmontanas, uma região onde a natureza nos oferece um pouco de si em cada época do ano, fomos este outono aos cogumelos na companhia da associação a “Pantorra”, que há dezoito anos, promove a apanha, escolha e selecção das espécies e estudo científico dos fungos selvagem que aparecem por esta altura do ano em todo o Planalto Transmontano.
Durante este fim-de-semana Mogadouro recebeu várias centenas de forasteiros vindos de Espanha e do Litoral português, assim como do Alentejo, que vieram até à vila transmontana para se familiarizarem com as espécies de cogumelos selvagem que aparecem em abundância nas matas e lameiros de pastorícia.
Um dos pontos altos do XVIII encontro micológico em Mogadouro foi a ceia do passado sábado com produtos naturais recolhidos por aqueles campos: cogumelos boletos, lectários, carlainas; acompanhadas por uma salada de azedas foi o primeiro prato servido no conhecido restaurante a “Lareira”; seguindo-se uma pasta de boletos com charllote (conhecido na região de Trás-os-Montes por rapazitos) e um naco de carne de vaca. A sobremesa passou por uma bolacha envolta por uma pasta doce de cogumelos das mesmas espécies servidas anteriormente. Uma ementa escolhida pela direcção da associação a “Pantorra” e confeccionada pelo chefe Eliseu que nos conduziu à cozinha onde podemos observar a confeção destas espécies selvagens transmontanas. “Comida dos Deuses; fruto dos diabos”, referiu o chefe Eliseu, em forma de chamar à atenção, “é necessário ter muito cuidado na selecção e apanha, assim como na confecção de cogumelos, alguns são altamente venenosos e outros é necessários sabe-los cozinhar para libertar toxinas”. Referiu o chefe Eliseu.
A associação a “Pantorra”, com dezanove anos de existência, foi a primeira associação micológica fundada em Portugal. Desde o primeiro ano, após o seu registo, tem vindo a promover os produtos selvagens e a região de Trás-os-Montes.
Este ano, pela primeira vez, o XVIII encontro micológico teve uma feira de produtos da terra, todos naturais, artesanais ou biológicos. No pavilhão destinado a este fim encontramos a empresa “Bio-Freixo” que produz vinho e azeite biológico, assim como cerveja artesanal fabricada totalmente com cevada e lúpulo gold produzido nos campos da aldeia de Quintanilha, Bragança. Uma cerveja forte com um teor alcoólico de 5,5% de álcool.
Para o vice-Presidente da Câmara de Mogadouro, a apanha desordenada de cogumelos no seu concelho e região de Trás-os-Montes vai ser regulamentada por decreto-lei para assim proteger as espécies e a propriedade privada. “Recentemente o Sr. Secretário de Estado da Agricultura esteve de visita à região e prometeu criar legislação que venha a regulamentar a apanha de cogumelos na região e de outras espécies de interesse que estão a passar a fronteira para Espanha onde são vendidos a preços convidativos”, alegou o autarca.
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