MOREIRA DA SILVA |
Portugal carrega com cicatrizes bem vincadas de um passado recente e para agravar a situação está com um presente envenenado e um futuro hipotecado até meados deste século, mas não é por isso que os portugueses deixam de acreditar e ter esperança num «sebastianismo» qualquer, que há de surgir não se sabe quando, mas surgirá num pequeno-almoço saído dumas brumas especiais.
É este o grande sonho do povo português, que se mantém ao longo dos tempos e ressurge sempre, na espuma das graves crises de portugalidade!
São poucos os portugueses que acreditam que Portugal sairá da crise, sem a interferência divina ou «sebastianista», e ainda menos aqueles que acreditam em Portugal e nas suas capacidades, para ultrapassar os desafios dos novos paradigmas económicos. A grande maioria dos portugueses tem estampada no rosto a descrença, e com isso deixa entrar-lhe na alma a melancolia e, por vezes, na cabeça a depressão.
Os portugueses adoram arranjar «bodes expiatórios», por tudo e por nada e aproveitam para despejar a sua raiva contra «os outros», deitam a culpa a «eles», os políticos. Só que «eles» somos nós, pois Portugal é uma República e os políticos saem do meio de nós, são como nós, são escolhidos por nós, são eleitos por nós.
Por outro lado, o povo português é bondoso, humilde, inteligente, individualista e simultaneamente altruísta envolvendo-se em atos pessoais de heroísmo. É um povo sofredor, dócil, hospitaleiro, pouco inclinado à objetividade, trabalhador, generoso, afetivo, emocional, educado, resiliente, com uma capacidade enorme de adaptabilidade, que surpreende todo o mundo da diáspora portuguesa, por onde têm deixado sangue, suor e lágrimas.
Em geral, o povo português é paciente, mas é excessivamente sentimental, pois deixa-se seduzir facilmente pelos que sabem falar-lhe ao coração, tem um individualismo por vezes doentio e tem falta de tenacidade, é superficial nas análises das questões e não gosta de planificar nem organizar, chega tarde aos compromissos e raramente cumpre os seus deveres em devido tempo e com o devido zelo.
Sempre foi e continua a ser um povo honesto, lutador e corajoso. Quando quer é o melhor do mundo. Em várias áreas temos inúmeras histórias de sucesso para contar e partilhar. Ainda há poucos anos, na multinacional alemã BAYER, entre noventa mil trabalhadores de todo o mundo, um português foi considerado o melhor trabalhador da empresa.
No clima de incertezas, de desânimos, de grandes dificuldades que o país vive, conseguimos ser Campeões da Europa em Futebol. Para espanto e desassossego de muitos, contra todas as previsões e ao arrepio das expetativas.
Muito provavelmente, em todos os países em que existem portugueses emigrados ou residentes, sejam de primeira, segunda ou terceira geração, muitos dos melhores do mundo têm ADN luso. O povo português tem tudo para ser o melhor do mundo!
Para isso precisamos de acreditar mais em nós, no nosso país, de derrubarmos o mito do sebastianismo, de refinarmos um pouco as nossas atitudes, de adotarmos a positividade e o sorriso estampado no rosto, deixarmos entrar a felicidade nos nossos corações e a esperança na nossa alma, sermos objetivos, sabermos trabalhar em equipa, aprender a gostar de planificar e começar a cumprir prazos.
Assim mostraremos ao mundo que de onde vieram todos esses campeões vêm muitos mais.
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