MOREIRA DA SILVA |
A interjeição «uma ova», que utilizei no título desta Crónica, significa repulsa e é com uma raiva a crescer-me nos dentes que faço esta afirmação, para contrariar veementemente o que se lê e se ouve em muitos órgão de comunicação social quando afirmam: o Estado Islâmico. «Uma ova», pois o que devem dizer é: “jihadistas do Daesh”. Ou simplesmesnte terroristas islâmicos, pois “jihadistas” significa “combatentes” e “Daesh” significa “aquele que semeia a desordem”.
Este grupo terrorista impôs uma espécie de portagem sobre o valor cobrado pelos traficantes de migrantes na Líbia, em 2015, lucrando cerca de 30% dos estimados 300 milhões de euros gerados por essa atividade, e assim conseguiu lucrar 88 milhões de euros só com o tráfico de migrantes, que se tornou na atividade de maior lucro na região – mais do que a droga, o tabaco e os medicamentos.
Este grupo, que usa deliberada e indiferentemente a violência mortal contra cidadãos inocentes em qualquer parte do mundo autointitula-se “Estado Islâmico”, desde 29 de junho de 2014, mas são considerados por muitos países, e também pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela UE (União Europeia) como um grupo terrorista. É mesmo isso que são: um grupo de terroristas loucos e assassinos. Apenas isto, e já é demais!
É assim que se deve referir a este grupo, que sistematizou a tática do terrorismo e passou à execução implacável e assassina, que atingiu muitos inocentes, em muitos países do mundo, como forma de intimidação e tentativa de manipulação, com fins religiosos e politicos. Este grupo, no seu formato inicial era composto e apoiado por diversas organizações como a Al-Qaeda no Iraque e outras organizações terroristas sunitas insurgentes, o maior ramo do Islão, na maior parte muçulmanos.
Não se deve dizer “Estado Islâmico”, até porque implicaria uma certa ideia de instituição, o que evidentemente não tem nada a ver com a realidade, e chamar “Estado” a um grupo terrífico de terroristas que cortam gargantas a pessoas e gravarem para passarem nas televisões é demasiado honroso. Mas tem mais: estes terroristas ameaçam cortar a língua a quem pronuncie a palavra “Daesh” e nos territórios controlados o castigo são setentas chibatadas.
O “califado”, que é uma forma islâmica de governo foi proclamado há um ano, representando a unidade e liderança política, assim como a autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo islâmico, ainda que sem o reconhecimento pela comunidade internacional. Este “califado”, que tem como “califa” o iraquiano Abu Bakr al-Bagdadi, de 46 anos, é um personagem que prefere permanecer na sombra, e é um dos homens mais procurados do planeta, cuja captura o governo norte-americano oferece 10 milhões de dólares, aspira tomar o controlo de muitas outras regiões de maioria islâmica, a começar pela Síria, Iraque e pela região do Levante, que inclui a Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e uma área sutuada no sul da Turquia (Hatay). Inclusive já ameaçou a própria Peninsula Ibérica!
Recentemente, o Parlamento Europeu reunida em sessão plenária em Estrasburgo atribuiu o Prémio Sakharov 2016 de Liberdade de Expressão a duas ativistas da comunidade yazidi do Iraque, Nadia Murad Basee Taha e Lamiya Ali Bashar, que foram escravizadas sexualmente pelos jihadistas do Daesh durante vários meses.
Estas duas ativistas foram escolhidas pelos esforços na defesa da comunidade yazidi e das mulheres que sobrevivem à escravidão sexual às mãos dos jihadistas do Daesh, tendo-se tornado porta-vozes da sua comunidade na denúncia dos crimes de guerra e genocídio perpetrados pelo Daesh.
A ONU tem de ter bem presente que os grandes conflitos começam por pequenos incidentes inesperados, como aconteceu com a primeira Guerra Mundial. Atualmente não se trata de um incidente sem importância, mas sim de uma execução dramática de um projeto que tem de ser impedido. Urgentemente!
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