FILIPA PINHEIRO |
A Lola entrou no Centro Veterinário de Amarante, paralisada dos membros posteriores. Tinha perda de apetite e prostração de alguns dias, mas de um momento para o outro deixou de andar. A Lola não tinha as vacinas e a desparasitação em dia e convivia com outros animais, também nas mesmas condições.
Após a realização de análises gerais e radiografias completas, foram descartadas doenças como hérnias discais que pudessem provocar a condição da Lola. Mas após todos as análises e exame físico que revelaram a presença de febres altas e de uma infeção já avançada, os médicos do CVA testaram o sangue da Lola para uma doença chamada Esgana, que se revelou positivo.
A esgana é uma doença infeciosa que afeta inicialmente o trato gastrointestinal, pulmões e o sistema nervoso dos cães. É uma doença altamente mortal que afeta muitas vezes cachorros não vacinados, mas pode afetar animais de todas as idades e raça.
O vírus da esgana é altamente contagioso e passa-se facilmente de cão para cão através do contacto direto entre animais. O vírus é pouco resistente a detergentes e calor, morrendo em poucos minutos em ambientes quentes, embora possa persistir durante semanas a temperaturas próximas de 0ºC.
Os sintomas podem aparecer de várias maneiras, e inicialmente são muito inespecíficos como febres altas, vómitos e mal-estar, falta de apetite, diarreia e desidratação, tosse, corrimento ocular e nasal purulento. No entanto, se a infeção não for controlada a tempo pode evoluir para sinais mais graves como convulsões, mioclonias (espasmos musculares involuntários) e paralisia. Esta fase final é que normalmente causa a morte dos animais ou o que leva os donos a tomar a decisão da eutanásia.
Realizar um diagnóstico definitivo de esgana pode ser difícil uma vez que muitos animais podem não apresentar todos os sintomas típicos da doença. No entanto, existem atualmente testes rápidos que podem ser realizados na clínica onde utilizam sangue ou secreções, como o corrimento ocular purulento, para testar a presença de antigénios da esgana no organismo do animal.
Atualmente não existem drogas capazes de interferir com o desenvolvimento do vírus, sendo o tratamento direcionado para o controlo das infeções secundárias e controlo dos sintomas (convulsões, diarreia, pneumonia, etc.). O tratamento com antibióticos não impede que o vírus invada o sistema nervoso, não havendo quaisquer garantias de sucesso. Dependendo da fase da doença, da debilidade do animal e tendo em conta a capacidade de infeção de outros animais, nunca se pode descartar a necessidade de recorrer à eutanásia.
A única forma eficaz de prevenção da doença é a vacinação que deverá começar ás 6 semanas de vida, seguida de pelo menos 2 reforços separados por 3 a 4 semanas.
No caso da Lola, embora ela tenha desenvolvido sinais neurológicos graves que indicavam já uma infeção avançada, após algumas semanas de tratamento, encontra-se saudável e sem sequelas. Um caso de sucesso, sem dúvida.
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