MÁRCIA PINTO |
Neste sentido, um estudo recente da Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) diz o seguinte: «Entre os alunos cujas mães têm licenciatura ou bacharelato, a percentagem de ‘percursos de sucesso’ no 3.º ciclo é de 71%, enquanto entre os alunos cujas mães têm habilitação escolar mais baixa, equivalente ao 4.º ano, a mesma percentagem de ‘percursos de sucesso’ é de apenas 19%.» E acrescenta que a disparidade de resultados «é muito acentuada, especialmente tendo em atenção que uma das funções do ensino público é nivelar as oportunidades entre os alunos de diversas origens».
Assim, a preparação dos jovens provenientes de classes economicamente privilegiadas, é feita em escolas particulares de grande qualidade e, para além disso têm acesso a outras oportunidades: atividades extracurriculares, viagens e intercâmbios, famílias mais instruídas e acesso a recursos tecnológicos. Para além disso, a possibilidade de começar a trabalhar sem o objetivo imediato do retorno financeiro, mas na construção da carreira, é mais-valia. Desta forma, muitos jovens complementam a sua formação noutro país.
Por outro lado, para os jovens de famílias mais pobres as possibilidades são mais restritas. Além de não terem acesso aos privilégios referidos anteriormente, as condições financeiras dos familiares obriga-os muitas vezes a procurar trabalhos que tragam retorno financeiro imediato por uma questão de sobrevivência. Iniciam a vida profissional mais cedo, sem formação superior, acabam em trabalhos operacionais que dificultam o seu crescimento profissional e desempenho escolar. Para esses jovens conseguir uma formação académica é uma luta constante. A maioria depende de bolsas de estudo, que não lhes permite falhar, longe da família e amigos.
Para além disso, a entrada no mercado de trabalho é também dificultada pela falta de conhecimentos no meio (a ``cunha´´ continua a ser um requisito importante)
De um modo geral as principais causas das desigualdades sociais são:
- Má distribuição económica
- Má administração dos recursos
- Mercado capitalista (consumo)
- Falta de investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação
- Falta de oportunidades de trabalho
- Corrupção
Assim, apesar de já terem sido tomadas algumas medidas para atenuar algumas dessas desigualdades sociais há ainda um longo caminho a percorrer, nomeadamente no investimento dos dinheiros públicos na qualificação das infraestruturas e recursos das escolas públicas em detrimento das privadas.
Sem comentários:
Enviar um comentário