quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

QUANDO O PÂNICO VENCE, PERDE-SE A IDENTIDADE

TÂNIA CARVALHO
Todos nós, em alguns momentos da nossa vida, sentimos ansiedade. Quando vamos a uma entrevista de emprego ou simplesmente quando fazemos aquela viagem que há tanto tempo estava programada. A ansiedade é uma reação do organismo face a um perigo ou ameaça. No entanto, o ataque de pânico é distinto por ser súbito e inesperado. 

A perturbação de pânico é um problema muito mais frequente do que aquilo que imaginamos e torna-se profundamente incapacitante para os doentes que sofrem desta problemática. Normalmente os doentes têm uma experiência tão assustadora que ficam presos à expetativa sobre quando e onde poderá ocorrer o próximo ataque. É comum ouvir no meu consultório, que rapidamente realizam inúmeros exames médicos sem que encontrem uma explicação, até ao momento em que percebem, que se trata de um diagnóstico de perturbação de pânico. 

Um ataque de pânico é “um período distinto de intenso terror ou desconforto no qual quatro (ou mais) dos seguintes sintomas desenvolvem-se abruptamente e alcançam um pico em 10 minutos. Os 13 sintomas somáticos ou cognitivos são palpitações, sudorese, tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensação de asfixia, dor ou desconforto torácico, náuseas ou desconforto abdominal, tonturas ou vertigens, desrealização ou despersonalização, medo de perder o controlo ou de “enlouquecer”, medo de morrer, parestesias e calafrios ou ondas de calor”.

Depois dos sintomas suprimirem, as pessoas ficam muitas vezes assustadas e com vergonha porque se sentem anormais e estranhas. A vida torna-se uma constante vigilância à espera de algum sinal que indique que eventualmente possam novamente ter uma crise. 

Além de estarem em vigilância sobre qualquer sintoma que associem ao ataque de pânico, muitas pessoas que sofrem deste transtorno desenvolvem medo em relação a locais ou situações onde já ocorreu uma crise. Ouço muitas vezes por parte dos meus pacientes o seguinte “deixei de ir àquele espaço porque tive um ataque de pânico e acho que terei outro se lá voltar”. 

É surreal a quantidade de pessoas que vêm ao meu consultório com diagnóstico de Perturbação de Pânico, numa situação tão agonizante que muitas vezes chegam a deixar de trabalhar. 



Esta perturbação tem cura e as pessoas não precisam de estar presas à medicação, perdendo muito de si. Psicoterapia é e sempre será a melhor opção.

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