RUI CANOSSA |
Para a economia mundial aproxima-se uma tempestade que deverá atingir o mundo no curto prazo. Os sinais de que se estão a juntar as situações que levaram à crise de 2008 são inequívocos.
Ainda se lembra da crise? Produtos financeiros opacos, mercados desregulados, enorme endividamento dos Estados, famílias e empresas, comportamentos irresponsáveis de auditores e agências de rating e de especuladores imobiliários e grandes bancos de investimento deixados à solta?
As recomendações eram para que os bancos fossem mais pequenos para que não houvesse o argumento de que eram demasiado grandes para falir e, por isso, os Estados tinham de os salvar, em caso de necessidade, recorrendo ao dinheiro dos contribuintes. Que era necessário reduzir a dívida de todos os agentes económicos, nomeadamente, o Estado. Que os mercados fossem mais regulados e que os produtos financeiros propostos fossem mais transparentes para o comum dos mortais e que se fizesse melhor gestão do risco.
Ora os bancos estão maiores, as fusões e aquisições em todo o mundo aumentaram. O endividamento a nível mundial continua a crescer e é preocupante, 285% do PIB! Ainda bem que a nossa dívida só vai em 133% do PIB… A questão que muitos colocam é se as dívidas serão efetivamente saldadas, ou como alguém dizia, as dívidas não são para se pagar, são para se irem pagando.
As taxas de juro estão baixíssimas, tanto na Europa como nos EUA. Mas, com estes a quererem virar-se para os fortes investimentos públicos em infraestruturas, mais de 350mil milhões de dólares, acompanhada por uma descida dos impostos, para empresas e famílias, são esperadas subidas no nível geral de preços, ou seja, mais inflação que acabarão por levar à subida das taxas de juro. Se esta subida não for acompanhada por crescimentos significativos terá um efeito dramático no poder de compra das famílias. Mas não só, os próprios Bancos Centrais que compraram dívida verão os seus rendimentos baixar pondo em causa o próprio equilíbrio dos Bancos Centrais. A política de taxas de juro baixas teve e continua a ter um efeito perverso no aparecimento de bolhas especulativas, como no setor imobiliário, outra vez ele. E toda a gente sabe que as bolhas rebentam.
Por tudo isto caro leitor, se ainda não desistiu de ler este artigo, está instalado um alerta laranja de mau tempo para a economia mundial, não só na nossa.
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