Crescemos a ouvir a frase “a morte é a única coisa que temos certa”, porém felizmente e até atingirmos a idade em que percebemos que a finitude existe mesmo, essa frase não passa apenas disso... Uma frase repetida pelos mais velhos!
Então, começamos a ver os avós, sim aqueles pessoas cuja pele já não esconde as marcas do tempo, mas cujo olhar mantém o carinho a que sempre nos habituaram…Partirem! E finalmente a realidade vai tomando forma, e o nosso coração ainda um pouquinho descrente que é para sempre, vai assimilando a ideia...
Mas a vida continua e entre estudo, casamento, filhos… nem dá tempo para pensar no assunto, ou melhor, pensamos que a data está ainda longe!
E quando menos esperamos a realidade cai-nos em cima. Um dos pais parte também e a vida treme… As recordações invadem-nos a alma e os dias são passados num misto de saudade e dor.
Mas o dia-a-dia não se compadece do nosso estado de espírito e a necessidade de darmos a impressão que nada mudou, impõe-se! A superficialidade da sociedade obriga, por vezes, a agir com a maior das naturalidades…
E então chega o golpe final: o pai / mãe sobrevivente segue o primeiro… e o nosso mundo desmorona de vez. E desengane-se quem pensa que a sensação de orfandade apenas acontece às crianças. Os adultos também se sentem órfãos, sim!
Creio até que sentem a orfandade, não com maior intensidade, mas certamente com maior clareza e durante mais tempo, afinal as recordações dos momentos vividos são mais extensas porque usufruíram da companhia dos entes queridos por muito mais tempo e o amor e carinho destes, jamais sairá dos seus corações saudosos. E aí, já não nos restam dúvidas, somos os próximos na “linha de partida”!
Como tal, tendo sempre a retidão como ponto de partida, devemos viver o melhor possível... Afinal, de um momento para o outro tudo muda, tudo se transforma… e não há como voltar no tempo!
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