ANDRÉ QUEIRÓS |
Estando uma equipa em desvantagem no marcador ou com um resultado que por várias razões lhe seja desfavorável normalmente assistimos a alterações por parte dos treinadores nos jogadores em campo, ou na estrutura da equipa, tendo em vista torná-la mais ofensiva, ou precisamente o contrário, quando o resultado lhes é favorável. Tendo isto em conta nesta crónica vou-me focar mais na situação em que os treinadores se encontram em desvantagem e por vezes me parece que não existe um trabalho consistente de um plano b, de uma estrutura ou uma alteração de dinâmicas ofensivas tendo como objetivo transformar a equipa num coletivo mais perigoso e capaz de criar mossa no oponente.
Nesta época natalícia tive a oportunidade de assistir a alguns jogos e pude constatar que a grande maioria das equipas que se coloca em vantagem no marcador não perde o jogo, e assistimos também a uma reação da equipa em desvantagem a procurar com grande insistência colocar a bola na área do adversário, próximo de zonas de finalização e de qualquer maneira. Com isto pude constatar que muitas vezes a equipa fica com mais pressa de chegar à frente mete a bola mais depressa na área, mas não aumenta a velocidade de jogo no sentido construtivo e desequilibrador do oponente.
Pegando no exemplo do Benfica, equipa que tem tido resultados bastante positivos ultimamente, o que faz quando se encontra em desvantagem ou na procura de fazer golo para vencer a partida? A equipa inicial apresentada numa estrutura de 1x4x4x2 clássico, com uma ou outra alteração na dinâmica dos dois médios centro, fruto também das características individuais de cada jogador e que podem oferecer á ideia de jogo da equipa, mas existe um denominador comum, os dois avançados têm características completamente diferentes, um é mais móvel e com grande qualidade com a bola no pé, um desequilibrador entrelinhas sendo o outro alguém com características mais fixas, próximo da área adversária e de zonas de finalização. No entanto quando quer tornar o seu coletivo mais ofensivo Rui Vitória coloca outro avançado mais fixo, ficando com duas referências mais próximas da área adversária, e assistimos a um Benfica com um jogo mais direto, a apostar em jogo exterior de envolvência dos laterais e alas a procurar cruzamentos e bolas paradas para resolver.
Recentemente vimos Gonçalo Guedes a iniciar na frente com Jiménez (vs Estoril e Sporting) e contra o Estoril quando quiseram apostar tudo na procura da vitória o treinador passa Guedes para a ala, tira Cervi e coloca Mitroglou em campo junto do mexicano. Quando percebe que não consegue avolumar o resultado tira Jiménez, colocando Jonas em campo, o tal avançado de características móveis, e mais semelhante a Gonçalo Guedes, recuperando a sua equipa a identidade inicial.
Como nós somos o que fazemos repetidamente, vejamos a mudança da dinâmica ofensiva do jogo do Benfica em desvantagem, muitos cruzamentos para explorar a forte presença na área de Mitroglou e Jiménez, será isto treinado e pensado, ou apenas um chuveirinho desesperado na procura do golo? Na minha opinião muito bem treinado e planeado, e para quem tiver dúvidas basta analisar o número do golos que o Benfica fez esta época e na transata a partir de jogo aéreo, cruzamentos e bolas paradas através destes dois avançados. Como se costuma dizer, a sorte dá imenso trabalho!
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