quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O QUE SEMPRE ME ACOMPANHA

CATARINA DINIS PINTO
Há mais de 15 anos que tenho um livro como parte da minha existência e é dele que vos irei escrever hoje. O seu escritor só podia ser galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1990 (entre outros prémios), falamos de Octávio Paz Lozano, poeta, ensaísta e inclusive diplomata mexicano.

Escrevo vos sobre o meu El Labirinto de la Soledad, em português O Labirinto da Solidão. Este livro foi publicado em 1950 e é para mim uma pérola, magnifico pela maneira como consegue dissecar cada questão de um povo, o mexicano e de quem eu nutro a maior admiração e paixão. Neste livro constrói e vai desmistificando uma cultura, o seu comportamento. Explica as dores de alma coletivamente e individualmente. Como em todos os povos o passado sempre está no nosso presente e sem dúvida o passo definitivo para o futuro. E aqui cruzamos com as verdades Portuguesas e se calhar nem somos tão distintos. 

Li, reli, voltei a ler sempre na versão em castelhano, antes, durante e depois de ter vivido no México e processei cada palavra, entendi tantos puzzles que pareciam incompletos, infelizmente na altura fiz uns rascunhos entre as igualdades e diferenças nas problemáticas México versus Portugal mas ainda vou voltar a escrever porque é um tema sem dúvida muito interessante. No fundo descobrimos que a génese, o início do mundo faz com que compartilhemos dúvidas, histórias tão reais, cruéis e semelhantes que nos construíram.

Aqui encontramos através do caminhar de capítulos e páginas a história de um Pais grandioso, de seus conflitos, de suas guerras, da maneira como lidaram com o perder antigo, das grandes civilizações Maias, Olmecas, Aztecas entre outras para a colonização espanhola. A perda de poder eterna de um povo por vezes silenciado. Acabo com uma frase simples que significa tanto.

“ A solidão é o fundo último da condição humana. O Homem é o único ser que se sente só e que procura um outro” 
Octávio Paz In Labirinto da Solidão

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