FERNANDO COUTO RIBEIRO |
Vivemos dias assim:
Conformados com o assim-assim.
Passa o tempo,
Indiferente;
Passamos nós,
Indecisos.
Assumimos a infelicidade como forma de
vida
E deixamos que o mar
Seja apenas
Um fundo fotografado
Para uma frase vazia
Que pretende saber
Todos os segredos da existência.
São vagas.
Não as ondas da fotografia,
Mas sim as ideias.
Vagas
E infundadas.
(É nestas alturas que sei
Que não sou poeta,
Mas apenas um tipo
Que escreve prosa vertical
Na procura do infinito do alto.)
As corridas da canalha
São mais profundas e intensas:
Correm os riscos necessários
Espelhados na calçada portuguesa
E não ouvem as vozes que os param
(que nos ensurdecem),
E correm e voam e são infinitos
E alcançam os abraços preocupados
Que os confirmam.
(Não sei nada das vozes, mas ouço-as.)
Depois, envelheço num instante.
E confirmo, humildemente, a vida.
As convicções que tenho
Nascem em mim em constante desconcerto
E são repostas a perguntas que não sei
fazer!
(Talvez não haja honestidade suficiente
Para falar da vida,
Muito menos do amor.
Sabem? O amor não é eterno,
É um instante prolongado no medo.
Ninguém se ama,
Amamos os outros sem coragem
E muito por insuficiência humana,
Necessariamente apoiada no divino
Duvidoso da fé.)
Lá longe, o por do sol
Resolve o que eu não sei dizer.
Claro que não há palavras
Que descrevam o azul da tua imaginação,
Apenas há palavras que nos ajudam a
sobreviver
Entre as balas perdidas dos
acontecimentos.
- Amo-te!
(Tudo é feito para ser um poema de amor,
Do amor que imaginamos sem saber
E vivemos,
Tristemente,
Solitários.)
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