quinta-feira, 16 de novembro de 2017

POR ELA

RAUL TOMÉ
Não a tomes por adquirida. Não assumas dentro de ti a presunção de que ela é eterna, de que te vai correr no corpo e nas veias em fios infinitos como se fosse propriedade tua.

Não vivas pensando que ela nunca te irá abandonar, que estará sempre ali ao alcance da tua mão para saciar as tuas infindáveis sedes.

Não a destruas porque ela te destruirá de seguida, não a condenes nem a subjugues à tua vontade porque tu precisas dela para tudo, mas ela não precisa de ti para nada.

Não lhe barres caminhos, não lhe mudes a rota nem o destino e não lhe mates os filhos. Deixa-a respirar e encontrar no sal o mel que lhe adoça a vida.

Não a prives da companhia dos outros, dos que te são queridos nem dos que te são estranhos, porque se ela se der a todos, também a ti se dará.

E não to peço apenas por mim ou pelo povo de Viseu, peço-o por ela, pela Água que à custa do teu egoísmo desenfreado, desapareceu!

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