sábado, 25 de novembro de 2017

A EMIGRAÇÃO FRANCESA EM PORTUGAL DURANTE A REVOLUÇÃO FRANCESA DE 1789

MANUEL DO NASCIMENTO
Na noite do 16 de julho de 1789, dois dias depois da tomada da Bastilha de Paris, o rei de França Luis XVI, ordena a retirada dos regimentos que haviam sido chamados a Versalhes e a Paris. O conde de Artois e os seus dois filhos, os príncipes de Condé, de Conti e os duques de Borbom e de Enghien pediram ao rei de França a autorização para saírem de França. Tivesse sido, porém, por conselho do rei de França ou por iniciativa dos príncipes de sangue, o que é certo é ter por sido por este ato que se iniciou a emigração francesa em Portugal. Os príncipes deixaram a França quase desprovidos de dinheiro, sem bagagem, certamente na intenção de curta ausência. A partir do verão de 1791, é que começou a emigração forçada daqueles que nas províncias francesas, devido à cobiça, ajudada pela anarquia, iam sendo expulsos dos seus castelos e senhorios. Em França a moda é tudo e, a emigração francesa começou então. Havia em França uma propaganda organizada a favor da emigração. A corrente emigratória francesa foi-se avolumando e espalhando pela Europa e, de certa altura em diante, não foram só os nobres a emigrar mas gente de todas as classes, estados e categorias sociais. Em 1791, o embaixador português em Paris, D. Vicente de Sousa, oficiou ao governo português: recebi uma carta anónima que remeto a V. Exa. e se a notícia é verdadeira, que alguns homens desembarcam em alguns dos nossos portos, e um deles seria o duque de Orleães. Ainda na primeira fase de emigração francesa durante a Revolução, aqui veio ter uma dama francesa, Madame Elizabeth, irmã do rei Luis XVI, Madame Roquefeuil, e aqui se mantiveram, protegidos pela família real portuguesa, até 1807, tendo seguido para o Brasil com a corte portuguesa. Os emigrados franceses ao serviço do exército português: viscondes de Vioménil, Chalup, os condes de Gondie, de Chambars, de Alexandre d’Ollone, de Molien, de La Rozière, de Novion, o barão de Merle, os marquês de Jumilhac, de Toustain, etc... o que suscitou reparos e descontentamento entre os oficiais portugueses, onde o Príncipe Regente Português recusou o pedido apresentado diretamente pelo duque d’Enghien, a 27 maio de 1803. Em Portugal, os emigrados franceses viviam fazendo sociedade à parte, repartida em em diversos pequenos grupos: o dos nobres, militares ou com missões políticas, o dos eclesiásticos e o daqueles que não tendo alcançado estatuto ou proteção governamental foram vivendo à mercê do que obtinham do seu trabalho. O duque de Coigny, foi estribeiro-mór do rei Luis XVI e comandante dos dragões. Em 1795 casou com a condessa de Chalons, também emigrada (1790) e viúva do antigo embaixador conde de Châlons. Mais tarde o duque de Coigny, representante de Luis XVIII de França, junto do Príncipe Regente, futuro rei português D. João VI. Em 1803, o duque de Coigny deixou Portugal deixando a duquesa em Lisboa. Em 1801, os emigrados franceses em Portugal são sensivelmente menos que depois da Revolução. No entanto, ainda continuava haver emigrados franceses: artistas, relojoeiros, cabeleireiros, estalajadeiros, operários mecânicos e criados. Há, também, emigrados nobres, bastante numerosos, que aqui residem com as suas famílias.

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