sexta-feira, 17 de novembro de 2017

GALAMBA, VAI ESTUDAR

MIGUEL TEIXEIRA
A luta vai ser dura, mas exige determinação e firmeza. Estive a ver e cada vez me convenço mais que não há grandes diferenças entre o PS e a direita no que diz respeito às políticas de Educação. É impressionante o desconhecimento desta gente, a quem o futuro do país está entregue sobre matérias educativas. Eu não quero acreditar que o que referem seja por má fé. Quero pensar que é por manifesta ignorância.

João Galamba afirmou ontem na SIC/Notícias que "as carreiras dos professores são mais generosas que as outras e são financeiramente insustentáveis", falando também no "mito urbano" das progressões automáticas por antiguidade, opinião corroborada pelo Deputado do CDS Adolfo Mesquita Nunes. Ou seja, na mente "pequena" destes políticos lisboetas que temos, o investimento na carreira docente, potenciando profissionais motivados é assim uma espécie de "coisa pouca" e a sua influência no futuro deste país e dos jovens alunos portugueses parece ser algo de "insuportável" ou dispensável. Eu gostaria de perceber em que é que a minha carreira é mais generosa do que a de um médico, um juiz ou mesmo um militar de carreira ...Os professores não progridem de 4 em 4 anos, ao contrário do que demagogicamente se afirma por aí. Com mais de dois terços da minha carreira cumpridos, com 26 anos de serviço e 48 anos de idade, estou retido no 4. escalão em 10, desde 2010, tendo descido em 2006, com Maria de Lurdes Rodrigues e Sócrates do 6. Escalão para o terceiro. O problema que poucos que opinam sobre a carreira docente não sabem, nem os Galambas deste país, nem o Paulo Baldaia sabe, é que com Maria de Lurdes Rodrigues, para além do rebaixamento de escalões a todos os docentes (três escalões para baixo), implementou-se o sistema de quotas na passagem do 4 escalão para o 5 , e do 6 escalão para o 7 . É onde estão praticamente 80% dos professores portugueses com idades em média, de 50 anos. Como há um sistema de quotas e aulas assistidas, mesmo que tire avaliação de muito bom, dificilmente passará , porque as quotas impõem por escola que em média passem apenas cerca de 33 por cento dos candidatos à subida de escalão. Daí que como o 4. Escalão tem uma permanência de 4 anos, é provável que só consiga transitar ao fim de 5 ou 6 anos na melhor das hipóteses. E a dar o máximo. A não ser que ande a "bajular" o Diretor ou se seja da confiança política do Presidente da Câmara, que neste sistema de progressão controla a escola à distância, a partir do seu gabinete, na maioria dos concelhos deste país, predominantemente em municípios de pequena e média dimensão do interior. Não me parece muito justo e a lei foi "bem feita" , feita à medida com o objetivo claro de destruir a carreira docente, para que a esmagadora maioria dos 100 mil professores, só consiga chegar ao 6 ou 7 escalão em 10, aos 66 anos e dois meses. E sim, os professores são avaliados e têm aulas assistidas, sendo que nos últimos anos têm pago a sua própria formação contínua, deslocando se dezenas ou centenas de quilómetros porque o Ministério da Educação deixou de promover essas ações ou realiza-as de forma esporádica. E é obrigatório os professores fazerem formação, o que eu até acho bem para progredirem. Esta é a verdade. O resto que se lê por aí é "romance". Apetece me dizer: "Galamba, vai estudar!"

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