“Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões, e fazem com que as suspeitas pareçam verdades.” Miguel de Cervantes
LUÍS PINHEIRO |
Antes de começar a explorar este tema, quero desde já estipular que o ciúme é uma emoção como qualquer outra, pertence é ao ser humano, e em termos evolucionista tem o propósito de dar resposta a uma situação de ameaça, real ou não, de perder uma relação ou posição num relacionamento significativo.
O ciúme é considerado por vários autores uma espécie de medo, que está inteiramente relacionado com o desejo de conservar algum tipo de conquista. Poderá ser considerado normativo o ciúme, quando o mesmo é passageiro, ou seja, quando a pessoa vive essa experiência mas não fica focada nessa ideia. Outra dimensão que limita o ciúme normal é fato dele ter sido provocado por uma situação específica e real. Este ciúme surge do desejo de manter o relacionamento e não pelo sentimento de traição ou de possessão sobre o outro.
São essas duas barreiras que separam o ciúme normativo do patológico, ou seja, o ciúme patológico começa a aparecer quando os pensamentos que lhe têm por base são irrealistas ou infundados. Existe um universo de razões que pode levar a este tipo de ciúme contudo tende a ter como origem o sentimento de inferioridade e insegurança, onde o indivíduo se sente desprezado e descartado pelo outro sem se ter baseado em fatos concretos.
Num extremo o ciúme patológico pode estar associado ao desenvolvimento de um distúrbio de personalidade conhecido por “Perturbação de personalidade Paranoide”, onde a desconfiança e a suspeição face aos outros são características centrais que interferem com o seu modo de pensar, sentir e naturalmente de agir. Neste sentido tende a interpretar as intenções e ações dos outros como ameaçadoras, sendo difícil adotar outras explicações alternativas para os seus comportamentos.
Tende a ser bastante comum, que pessoas com ciúme patológico apresentem uma compulsão por verificar constantemente as suas dúvidas chegando ao ponto de invadir a privacidade da outra pessoa com o intuito de validarem os seus pensamentos disfuncionais. A monitorização do parceira/o nas redes sociais, o controlo pelas chamadas e mensagens do telemóvel, o remexer nos pertences da/o parceira/o tendem a ser comportamentos bastante presente no quotidiano destas pessoas. Estes comportamentos tem apenas o prepósito de alivar os sentimentos de dúvida e de insegurança provocados pelos pensamentos disfuncionais que por sua vez leva a criação de esquema que mantem o próprio comportamento.
Depois de toda esta informação negativa que explorei é importante salientar que este comportamento tem solução. Mas para isso a pessoa deve aceitar e reconhecer que o seu sofrimento advém de um distúrbio mental, e consequentemente necessita de um tratamento psicoterapêutico e em alguns casos psicofarmacológico. É neste momento que a/o parceira/o tem um papel chave, em perceber o funcionamento desta psicopatologia e ajudar a ultrapassar os esquemas de pensamento desadaptado.
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