JOANA M. SOARES |
Esta semana o Porto perdeu a sede europeia do medicamento, mas ganhou, logo de chofre, a sede do INFARMED. Um rebuçado para Rui Moreira. Reacendeu-se o debate da descentralização de serviços, e como as mudanças são sempre desagradáveis, porque precisamente se muda, e isto dá trabalho, instalou-se o alvoroço entre opiniões diversificadas de dirigentes e, claro, trabalhadores. E muito bem.
Pontos a serem ponderados antes da tomada de decisão deste calibre:
1. Os trabalhadores foram consultados? Não. A avaliar pelo plenário e pelo pânico de muitos, os funcionários estão aquém das decisões de cima, como sempre. Alguém de cima pensou na vida dos trabalhadores? Poderão ser ressarcidos? Não há dinheiro para muita coisa, mas há para indemnizar e cuidar da vida de cerca de 350 colaboradores?
2. A maior parte dos serviços públicos estão centralizados em Lisboa. Descentralizar não é mudar para o Porto. Descentralizar serviços públicos seria partilha-los com o resto de Portugal. Não é descentralizar para centralizar no Porto. Coimbra, Leiria, Beja, Évora, Bragança, Freixo-de-Espada-Acima são cidades portugueses – necessitam igualmente de investimento, emprego, impulso social.
3. Esta opção parece um favor à cidade do Porto e alimenta o estilo mimado do autarca portuense que infantilmente escreveu nas redes sociais que estava a “adorar o ressabiamento de alguns”, ora, um presidente não pode defender uma causa nestes termos.
Parece-me que esta conversa de descentralização de passar serviços públicos de Lisboa para o Porto só vem a acentuar a velha guerra entre Lisboa e Porto, e não tem como objectivo fundamental salvaguardar os interesses dos portugueses ou do país.
Sem comentários:
Enviar um comentário