quarta-feira, 13 de setembro de 2017

SOCORRO, TENHO SONO...

VERA PINTO
Sabiam que passamos um terço da nossa vida a dormir? Porque será que precisamos de dormir tanto, mais porque será que precisamos de dormir?

Pelo que a experiência me tem demonstrado são cada vez mais as pessoas a sofrerem de insónias, tanto que creio mesmo poder considerá-la uma verdadeira epidemia. “Não pus olhos a noite toda”, “acordei às três da manhã e não voltei a dormir”, “ já não durmo há 2 dias”. Queixas, queixas e mais queixas de quem desesperadamente procura ver resolvido o seu problema de insónia. E não é para menos, segundo as estatísticas dormir apenas seis horas durante doze dias equivale a uma noite em branco. Apenas uma noite “em branco” pode acarretar consequências graves para a saúde a curto e longo prazo . Com o sono, perdemos a autoconsciência, mas isso não significa que o cérebro permaneça inactivo. Na realidade, continua a trabalhar nas tarefas fundamentais para o nosso bem-estar. Por exemplo, durante o descanso fixam-se os conhecimentos que adquirimos durante a vigília. Por isso se diz que a melhor coisa fazer antes de um exame, além de estudar, é dormir o número de horas adequado. Não quero com isto dizer que a mente assimila novos conhecimentos enquanto se dorme, não, mas durante o sono os conhecimentos solidificam. De facto, enquanto dormimos, o cérebro está ocupado a processar o que aprendemos durante o dia. Dedicar tempo ao descanso em quantidade suficiente é também a melhor forma de sermos produtivos. Se não o fizermos isso influencia negativamente a maneira de raciocinar e sentir e também aumenta a probabilidade de sofrermos de problemas endócrinos e metabólicos. Dormir não é tempo perdido, dormir é um tempo decisivo para a nossa saúde física e mental, por isso o alarmismo envolto no aumento da prescrição de ansiolíticos ou tranquilizantes não é de todo desajustado. O que as pessoas não entendem é que a solução não passa por um comprimido à noite que nos faça dormir, mas sim pela procura da raiz do problema, o porquê de não dormir. Só depois de encontrar a resposta é que o problema terá solução. De entre a confusão mental, diminuição do estado de alerta, perda de memória, respiração lenta a dependência física e psicológica é o pior efeito destes medicamentos. Desta forma, o seu uso não pode ser feito de forma leviana, pelo que muito trabalho nos espera.

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