LUÍS PINHEIRO |
A sociedade está a mudar… A imagem nunca teve um papel tão importante como tem nos dias de hoje. Atualmente dá-se mais valor ao parecer do que ao ser, onde o que é importante é estarmos com corpos dentro dos parâmetros pré estabelecidos pela sociedade do que sermos realmente felizes. Onde fica um mero mortal no meio desta dualidade?
Estamos numa fase onde tudo é transformado em produtos, onde as próprias pessoas são produtos que se precisam de autopromover e vender para atingir os vários objetivos da sua vida (carreira, relacionamentos, etc). Numa simples entrevista de trabalho um dos critérios mais importantes é a imagem que transmitimos ao nosso recrutador. Quando esta imagem reflete os padrões pré-definidos pelas sociedade somos bafejados pela sorte, tendemos a ter mais sucesso no alcance dos nossos objetivos. O que acontece a quem por genética, saúde ou mero descuido não se enquadram nesses critérios?
Desde muito novos somos ensinados a valorizar um conjunto de características física como sendo as certas e a criticar e menosprezar quem não se enquadra nelas. Todos temos histórias do tempo de escola onde criticamos quem fisicamente era diferente de nós. De crítica que podem vir desde a forma corporal até a forma como o corpo de expressa (expressão de género) existem muitas formas de perpetuarmos essa mensagem da imagem padrão.
Apesar de existir padrões de beleza para os dois géneros, é claramente notório que o impacto no género feminino é maior. A sociedade exige que as mulheres apresentem uma imagem muito mais cuidada e trabalhada. Desde muito novas são ensinadas a importância de estarem com peso reduzido, com os pelos corporais invisíveis, maquilhadas e de preferência sempre muito bem vestidas. Desde terna idade, as jovens tentam alcançar corpos idílicos e inatingíveis, tendendo a desenvolver maior sintomatologia depressiva, menor autoconceito, e apresentando maior probabilidade de desenvolverem outras perturbações psiquiátricas, principalmente perturbações alimentares. Esta realidade aplica-se aos homens só que com menor incidência.
Por outro lado é importante ressalvar a relevância de um estilo de vida saudável (alimentação saudável, desporto, etc.) para o desenvolvimento pessoal, e a importância fulcral dos nossos objetivos associados ao nosso corpo. Nada melhor para o nosso bem-estar psicológico do que atingirmos os objetivos que nos Auto propomos a realizar. Contudo tudo tem de ser realizado com peso e medida, o exagero, em regra, nunca conduz a bons resultados.
O meu objetivo com este texto foi deixar-vos a pensar, assim como fiquei ao mesmo tempo que o escrevia, sobre a sobrevalorização que damos á nossa imagem e principalmente as inferências que fazemos sobre a imagem do próximo.
A ditadura imposta, pela sociedade capitalista, aos corpos existe e está cada vez mais forte sendo omnipresente no nosso quotidiano. É importante percebermos a sua importância e influencia na nossa visão sobre o mundo, para que, nos momentos chave, a possamos neutralizar e mais importante deixarmos de ser veículos de reprodução da mesma. A verdade é que a melhor transformação desenvolve-se de dentro para fora e não o oposto.
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