segunda-feira, 25 de setembro de 2017

44 ANOS DE GUINÉ-BISSAU

CRÓNICA DE JOANA BENZINHO
Celebrou-se, ontem, o 44.º aniversário da independência da Guiné-Bissau, declarada unilateralmente pelos combatentes do PAIGC nas colinas de Boé, no Leste do País, tendo sido a pioneira entre todas as ex colónias portuguesas.

Esta independência da Guiné, muito invejada à época pelos outros territórios ultramarinos, trazia com ela todos os sonhos do mundo, não tivesse sido idealizada e burilada pelo grande homem da história da África Ocidental, Amílcar Cabral.

Já não viveu para a saborear, traído que foi por um dos seus que lhe ceifou a vida na Guiné Conacri, 8 meses antes deste dia, mas tudo fez para que ela acontecesse. 

44 anos passados, não tenho qualquer pretensão ou mesmo legitimidade para julgar se os guineenses estão melhor ou pior, apenas me cabe constatar que quatro décadas de independência foram claramente insuficientes para assegurar o mínimo de bem estar e de futuro aos seus cidadãos. 

Os ensinamentos e desejos de Cabral, apesar de serem uma constante na discursata oficial de todos os quadrantes sociais, militares e políticos, ainda esperam por quem os consiga por em prática. Os cidadãos, na sua grande maioria jovens, encontram no seu país escassas oportunidades de acesso aos bens mais básicos como à alimentação, à educação ou à saúde. Os salários são baixos, quando existem e são pagos, e os bens essenciais são comercializados a valores ocidentais, incomportáveis para muitas das magras bolsas guineenses. O Estado é frágil.

Mas o país, a independência, a soberania são bens inalienáveis e inquestionáveis e representam um enorme motivo de orgulho para os seus. Comove-me sempre ao ver o sentimento com que as crianças, desde tenra idade nos jardins infantis, de olhos fechados e mão ao peito cantam a plenos pulmões o hino nacional: "Viva a pátria gloriosa! | Floriu nos céus a bandeira da luta | Avante, contra o jugo estrangeiro | Nós vamos construir | Na pátria imortal | A paz e o progresso!"

São estas meninas e meninos, "as flores da nossa luta e a razão do nosso combate", como dizia Amílcar Cabral, que irão um dia herdar os destinos deste país. Aos avós e pais das muitas crianças guineenses, em mais este aniversário, ficam os votos de que façam da Guiné um país melhor, apetecível, de onde não se tente fugir numa onda migratória de contornos incertos por falta de oportunidades junto dos seus. Que consigam ser o garante da paz, do progresso e da estabilidade da Guiné-Bissau, não defraudando os preceitos inscritos no seu hino e permitindo aos mais novos sonhar um futuro de sucesso para si e para a Guiné-Bissau.

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