DIANA PEIXOTO |
Aproveitando o inicio do novo ano letivo, apraz-me falar sobre a influência dos pais no controlo alimentar dos seus filhotes. Porque sabemos que é na infância que se formam comportamentos alimentares e os pais são objetivamente cruciais neste processo de aprendizagem.
Os pais são efetivamente os responsáveis pela criação dos padrões alimentares nos filhos, uma vez que influenciam sobre a decisão dos alimentos a consumir, a quantidade consumida destes alimentos e a frequência deste consumo. Isto tudo influenciará, no fim, a manutenção do estado ponderal e a sua monitorização/regulação ao longo do tempo.
Nas diferentes práticas parentais do controlo alimentar na criança, a literatura apresenta o seguinte:
pressão para comer – aqui os pais atuam no sentido de aumentar a ingestão alimentar da criança, estabelecendo normas relativas à quantidade e qualidade dos alimentos a ingerir, com vista em obter um maior ganho de peso. O recurso excessivo a esta prática pode ter efeitos adversos, nomeadamente condicionar a resposta da criança à fome ou a saciedade ou até mesmo conduzir aversão ao determinado alimento;
restrição - aqui os pais atuam no sentido de promover menos acesso a determinado alimento ou grupo de alimentos tidos como menos saudáveis; Mais uma vez, o recurso excessivo a esta prática pode produzir uma maior atração da criança, levando a um consumo excessivo sempre que esse alimento se encontra disponível;
monitorização – traduz -se na observação mantida sobre os alimentos que a criança vai ingerir. O aumento da utilização desta prática está associado negativamente com o consumo de frutos e hortícolas abaixo das recomendações.
controlo explícito e controlo encoberto – o primeiro limita a ingestão de alimentos menos saudáveis com a perceção da criança, o segundo também limita a ingestão, mas sem que a criança dê conta. A literatura diz que níveis elevados de controlo explícito podem aumentar a ingestão de snacks saudáveis; o controlo encoberto leva a diminuição de ingestão de snacks menos saudáveis.
Resumindo, o controlo na alimentação das crianças ou a falta dele, pode condicionar fortemente a alimentação destas e contribuir para diferentes desenvolvimentos ponderais. Tendo em conta a literatura, a pressão para comer parece poder traduzir uma diminuição ponderal das crianças, ao passo que a restrição está associada a aumento do peso. Já para a monitorização não há consenso no efeito do peso da criança. O controlo encoberto mostra associação positiva com o peso da criança e o explicito potencia associação negativa.
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