segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PERTO DO FIM


FERNANDO COUTO RIBEIRO
Não há sistemas políticos capazes de disfarçar a realidade. Todas as desculpas desfilam no pensamento, mas o problema do mundo não são os ricos. Quem leva a angústia no peito são os pobres, e é imoral que sofram pelo abuso opressor de uns e pela leviandade ignorante de outros.

Que se chegue à frente aquele que no outro vê um igual e não um utensílio. Já estão gastos os ideais e está moribunda a dignidade.

Depois disso, resta o fim, e não haverá entretanto. Um homem é um homem e é um homem! Já não quero justiça, quero esperança. Todos os dias desfilam, contínuos sem tempo de espera, e quem chora continua a chorar, e a ignorância transforma-se em medo.

Quando morrermos todos, quem fica para ser rei?

Sobreviver também é viver. Na miséria mais profunda, continua a existir amor e bondade, mas talvez seja apenas instinto de respirar ou seja, em nós, espécie de deus da consciência, apenas esperança de amanhã melhor....

Estamos a perder tudo, e a guerra já começou dentro de nós. Morrer por um bem maior é uma opção válida, morrer por desesperança pouco mais é que matar, tudo ou nada, porque amanhã não existe e a herança é apenas dor.

Um dia, o mundo vai mudar, mas por agora começa a ser importante acreditar que haverá mundo. Não consigo parar... assim como se parar fosse acabar...

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