sexta-feira, 21 de outubro de 2016

NEVOS MELANOCÍTICO/SINAIS CUTÂNEOS…QUANDO SE PREOCUPAR

PEREIRA RAMOS E SUSANA FARIA
Nos últimos tempos a preocupação pela saúde da pele e o medo de cancro da pele têm vindo a crescer. Muitas pessoas vão ao médico de família preocupadas com uma mancha ou sinal que nunca tinham reparado existir. É importante distinguir o que é normal do patológico, o que é benigno do que pode ser maligno. Sempre em caso de dúvida consultar o seu médico de família.

“Nevos” corresponde ao termo latino “sinal” e significa “mancha” ou “protuberância” da pele. Os nevos melanocíticos são tumores cutâneos benignos formados por acumulação de células névicas encontradas na epiderme, derme ou em ambas. São muito frequentes. Costumam apresentar-se como pápulas hemisféricas ou aplanadas e são da cor da pele normal ou hiperpigmentadas, sendo a distribuição da cor uniforme. Distribuem-se por todo o corpo sendo mais frequentemente encontrados na face e tronco. São lesões benignas mas o seu estudo é muito importante porque podem ser acompanhados de outras doenças e mais importante, podem ser percursores de melanoma, um tumor maligno da pele.

Os nevos melanocíticos podem ser congénitos ou adquiridos.

Congénitos são aqueles que estão presentes desde o nascimento, ou se manifestam nas primeiras semanas de vida, podendo ser desde pequenos sinais (< 1,5cm) até nevos gigantes, maiores de 20 cm.

Os nevos adquiridos são aqueles que aparecem depois do período perinatal, são muito comuns e aparecem nas primeiras décadas de vida. Geralmente não passam os 6mm de diâmetro e são estáveis, mas não estáticos. Nos homens predominam no tronco e nas mulheres nas pernas. Podem sofrer algumas mudanças durante a gravidez e com anticonceptivos orais.

Então quando se deve preocupar?

As alterações de um nevo que indicam sinais de alarme são resumidas na sigla ABCD:

A – assimetria;
B – bordos irregulares;
C – coloração heterogénea;
D – Diâmetro > 6mm.

Um sinal pigmentado, de crescimento assimétrico, de bordos imprecisos e coloração variada, com áreas negras, áreas menos pigmentadas e azuladas que podem representar áreas de regressão, são muito sugestivos de melanoma. A alteração da coloração, o prurido, o aumento do tamanho e desenvolvimento de pequenos nevos satélites, podem ser sinais iniciais de transformação maligna de um nevo. Em lesões avançadas pode-se observar hemorragia e/ou ulceração. Quanto maior o número de nevos adquiridos maior é a probabilidade de desenvolver um melanoma.

Perante as alterações supracitadas deve consultar o seu médico de família o mais rapidamente possível, para exérese e biópsia da lesão e orientação para médico Dermatologista.

Existem alguns sinais com características distintas que podem suscitar dúvidas mas que são apenas variantes do nevo melanocítico.

- Os sinais avermelhados, que sangram com facilidade, têm 1-2 cm de diâmetro, aparecem em crianças e adolescentes e são lesões benignas denominadas de nevos de Spitz.

- Aqueles sinais cizento-escuro/azul-preto, brilhante, muito liso e bem delimitado são denominados de nevos azuis e também não deve preocupar.

- Os nevos Sutton ou halo nevo são aqueles sinais com um halo acrómico ao seu redor, ou seja, uma zona de pele mais clara em torno do sinal, que evoluem com diminuição da coloração do sinal e até mesmo ao seu desaparecimento. É mais comum nas crianças e adolescentes.

- Os nevos de Spinus são aqueles hipocrómicos, de coloração mais clara e distribuição da cor não uniforme, mas são congénitos e benignos.

A maioria dos nevos melanocíticos não deve ser tratado e não representa nenhum perigo. Deve ser vigiado pelo médico de família e referenciado assim que apareça algum sinal de suspeição.

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